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segunda-feira, março 10, 2014

Capítulo 23

-Vamos, desça. –O agente Walter ordenou puxando o freio de mão.
-O Jason pode me ver. –Disse apontando para o amigo sentando na escada que ficavam na frente do apartamento dele.
-Isso não é problema meu. Eu tenho que trabalhar, então desça.
-Mas...
-Desça logo, garota. –Ela bufou antes de obedecer e logo correu até umas árvores que ficavam próximas a janela do quarto dela. Viu quando Jason seguiu curioso o carro do agente Walter indo até o final da rua e virar a esquina. Era o momento perfeito para escalar até a janela. Até que para quem sempre tinha sido péssima nas provas de escalamento de educação física, Vanessa tinha subido bem a parede. Claro que ela estava com os joelhos e cotovelos ralados e os dedos das mãos doloridos. Assim que alcançou a janela, jogou a mochila dentro do quarto e sentou-se no peitoral. Estava exausta. Não tinha dormindo nada na noite anterior e estava com dores por todo o corpo devido a dureza do sofá. Respirou fundo e deixou as lágrimas rolarem. Não sabia se chorava pela dor externa ou a interna, só sabia que queria chorar. Sentia falta do conforto que Zac lhe proporcionava e que ela sempre fazia questão de esnobar, mas não era por mal. Ela gostava de brincar com ele, mesmo sabendo que algumas de suas brincadeiras o afetavam de verdade. As lágrimas rolavam com força e ela sentia que o aperto no coração dela diminuía aos poucos, o que era bom por que assim ela não choraria na frente de ninguém. O celular dela vibrou dentro da bolsa e ela sabia que era o despertador avisando que era seis da manhã. Enxugou as lágrimas e se arrastou até o armário, mas logo perdeu as forças e se jogou na cama. “Só vou chorar mais um pouquinho” prometeu a si mesma.

[...]

-Bom dia, Zac. –Gabriela desejou assim que o viu esperando perto do carro.
-Bom dia, Gabriela. Bom dia a todos. –Cumprimentou-os sorrindo.
-A Vanessa já vai sair e conselho de amiga: Seja cuidadoso com as palavras. Acho que ela acordou de mal humor.
-Pode deixar, eu sei lidar com aquela dali. –Sorriu. Eles ficaram conversando enquanto esperavam Vanessa aparecer.
-Já está ficando tarde. –Alexandra comentou olhando no relógio de pulso.
-Se vocês quiserem ir na frente, podem ir. Eu espero por ela. –Zac disse.
-Tudo bem então. Qualquer coisa me ligue. –Gabriela disse enquanto eles iam até o carro de James. Ouviram um barulho e Vanessa logo saiu pela porta da republica vestindo um short jeans curto e uma blusa azul soltinha. Assim que viu Zac, correu-lhe ao encontro e o abraçou. A dor no peito dela havia voltado com todas as forças fazendo novas lágrimas descerem.
-Eu me sinto tão ruim. –Confessou pra ele.
-O que houve?
-Eu não quero vê –soluçou– nunca mais. Eu não posso –soluçou– na América, Zac. Ele é grosseiro e...
-Calma, eu não estou entendendo nada. Vamos dar uma volta e você vai me contar o que houve com mais calma, ok? –Ela assentiu com a cabeça e ele a abraçou mais forte. Zac fez sinal para os amigos dela irem na frente já que eles estavam espantados com a reação de Vanessa. –Seus amigos já foram, vem, vamos entrar.
-Não, eu prefiro ficar aqui fora. Preciso de ar fresco.
-Então vamos nos sentar na escada. –Eles sentaram e ela logo abraçou-o. –O que foi que aconteceu com você, baby?
-Estou tão cansada. Vocês ganham tão mal assim que não podem comprar móveis confortáveis? –Perguntou enxugando as lágrimas. Sentia-se mais calma perto dele, apesar do nó que estava preso na sua garganta.
-Não, muito menos se você faz serviços extras como execução. O agente Walter é mão de vaca, é diferente.
-Como que alguém prefere viver no desconforto?
-Ele diz que não fica nos lugares por muito tempo então prefere comprar o pior já que não vai usar.
-Por isso a cama foi a coisa mais confortável que eu encontrei.
-Exatamente.
-Ele é muito grosso, Zac. Primeiro me expulsou do quarto dele e depois ficou querendo controlar minhas ações. Eu só não fugi dali por que não sabia onde estava. Acredito que até o tal Flecher me trataria melhor do que ele.
-Não duvido. Você dormiu no sofá mesmo?
-Eu não dormi. Era uma pedra camuflada de sofá. Por um momento eu me deitei no chão pra vê se situação melhorava e até que funcionou, mas ele apareceu na sala e aquilo me incomodou. Se eu ficasse no chão, seria uma presa fácil, diferente do sofá.
-Ele não faria nada com você, Vanessa.
-Não tenho tanta certeza. Ele é bem esquisito pro meu gosto.
-Ele tem amor a vida e sabe muito bem o que aconteceria com ele caso encostasse em um fio de cabelo seu.
-Ele me fez acordar cinco da manhã e nem banho me deixou tomar. Fomos no Starbucks, mas não me ofereceu nenhum café. Ele me deixou trancada no carro. Ele é um monstro.
-Ele é dos antigos, Vanessa.
-E não existia educação naqueles tempos? Ele conhecia o meu pai?
-Sim, mas eles não se davam muito bem por esse motivo mesmo.
-Ele deve estar descontando em mim.
-É possível.
-Você não vai me deixar com esse cara, não é?
-Eu não tenho outra escolha.
-E o Ian?
-Ele cuida de outras coisas.
-E a Nina? –Ela logo engoliu em seco relembrando do que havia conversado com Nina na noite anterior. A confusão com o agente Walter havia feito ela esquecer do que Nina tinha lhe contato sobre Zac.
-A Nina não serve pra isso. Ela é bastante explosiva.
-Hm. –Murmurou mexendo nos cabelos.
-Aconteceu alguma coisa entre vocês duas? –Percebeu a inquietação dela.
-Não.
-Não minta pra mim. O que houve?
-Nada de mais, nós só conversamos.
-Sobre?
-Algumas coisas.
-Que coisas?
-Coisas de mulher.
-O que ela disse sobre mim?
-Por que os homens acham que sempre falamos sobre eles?
-Por que vocês falam. O que ela disse?
-Não foi nada.
-Você vai me dizer por bem ou eu vou ter que perguntar pra ela por mal?


-Ela me contou sobre a sua famosa reputação. –Disse por fim.
-De gato e perverso? –Negou com a cabeça se levantando. –Ela não cansa de contar essa história, não?
-Então é verdade?
-Sim, e dai? Algum problema?
-Não. –Respondeu assustada com a grosseria dele.
-Não precisa você ficar assim, eu não vou te fazer mal. Achei que já tinha te mostrado isso.
-Eu sei que não, Zac, mas... Você é muito explosivo as vezes.
-Por que você me tira do sério, Vanessa.
-Eu não faço nada de mais.
-Ah, não? Como achas que eu me sinto quando você age desse modo? Você prefere acreditar nos outros que já mentiram pra você do que em mim que te acolhi e dei tudo o que você precisa.
-Você acabou de confessar que é verdade o que ela me disse.
-Se eu negasse, você acreditaria? Vamos ser sinceros um com o outro: Você só me usa, não é? Você só se aproveita da promessa que eu fiz à seu pai e me faz de gato e sapato.
-Não é bem assim.
-Então por que você me ligou ontem a noite? Sentiu minha falta, por acaso? Duvido muito. Você só me ligou para saber se podia ir para o conforto do meu apartamento. Eu não sou trouxa, Vanessa. Eu sei muito bem o que se passa por aqui e foi por isso mesmo que te coloquei nas mãos do agente Walter. Ninguém nunca me tratou como tu me tratas e por isso você recebeu o seu castigo.
-Como é que é? –Se irritou ao perceber o joguinho dele.
-Eu não quero uma menina mimada ao meu lado e nem preciso de uma. Antes de voltarmos para a América, eu vou te consertar.
-Acontece que eu não estou com defeito.
-Pois é o que parece e olhe bem: Já destes os primeiros sinais de mudança. Até que minha ideia de te colocar nas mãos do agente mais carrasco que eu conheço funcionou.
-Você é um...
-Um ser belo e perverso. No começo eu te falei que queria respeito acima de tudo, mas você não me deu ouvidos. Só estou te dando o troco. Um dia você vai me agradecer por isso.
-Então quer dizer que eu vou continuar convivendo com o agente Walter até que você ache que estou consertada?
-Iria demorar muito, afinal, você não é nada fácil. Só até você começar a agir como uma mulher adulta de quase vinte e quatro anos.
-Eu odeio você. –Encheu-lhe de tapas no peito.
-Não é assim que uma mulher adulta age, mas continue tentando.


-Tudo bem Zac. –Disse depois de se controlar. –Vamos logo? Já estamos atrasados.
-Vamos, baby. –Falou irônico fazendo-a encará-lo. –Outra coisa: Nada de ficar me tratando mal nesse almoço. Você tem que começar a aprender a disfarçar as coisas. Você diz que eu sou explosivo, mas eu me controlo mais do que você.
-Tudo bem, eu vou tentar, senhor perfeito.


-Sem ironias. –Ela gargalhou.

[...]

-Olha só. Achei que não viriam mais. –Alexandra disse assim que os viu.
-Problemas com o trânsito. –Zac disse desculpando-se. Cumprimentaram a todos.
-E seus pais, Gabi? –Vanessa perguntou abraçando a amiga.
-Também tiveram problemas com o trânsito, mas avisaram que já estão chegando. –Respondeu feliz pela mudança de humor da amiga.
-Hmmm. Quer ajuda com algo, Fred?
-Não, lady Vanessa. Hoje é o nosso dia de folga. –Respondeu sorridente.
-É o seu também, mas isso não te impediu de cozinhar.
-Eu sou eu, lady Vanessa.
-Eu sou útil nos fins de semana também, Fred. –Pôs as mãos na cintura fazendo todos rirem.
-Eu sei, lady Vanessa. Já que você quer tanto fazer alguma coisa, leve essas toalhas lá pra sacada e coloque-as nas mesas, oui (sim)?
-Oui. –Concordou feliz por sentir-se útil.
-E você, Zac, por que não a acompanha? Pelos honorários que a Vanessa cumpriu essa semana, acredito que vocês mal tiveram tempo de se verem. Se quiserem, aproveitem para namorar um pouco. A vista é linda.
-Obrigado, Fred. –Disse indo atrás de Vanessa pelas escadas.
-O amor é lindo. –Gabriela comentou assim que eles saíram da vista deles.
-Amor. –Alex repetiu num tom debochado.
-Alex, você ainda não superou o relacionamento deles? Por favor.
-Eu não disse nada, Gabriela. Pare de querer ser a sabe tudo.
-Não me venha com essa, Alex. Eu te conheço muito bem.
-Nada de brigas hoje. Vamos comemorar a chegada dos pais da Gabriela, ok? –James pediu.
-Ok. –Concordaram com um bico. Na sacada o clima era outro.

-But mama, I'm in love with a criminal, and this type of love isn't rational, it's physical... Mama, please don't cry, I will be alright.. All reason aside, I just can't deny, I love that guy. –Vanessa cantarolava sorridente a música "Criminal" da Britney Spears e Zac só observava. –Vai ficar só olhando ou vai me ajudar?
-Você que disse que queria fazer alguma coisa, não eu.
-E só por isso você vai me deixar fazer todo o trabalho sozinha?
-Eu fui dormir tarde ontem, Vanessa.
-Pelo menos você dormiu.
-Chantagem não vale.
-Não é chantagem, é a realidade. Ande, ponha essa toalha na mesa de centro.
-Estou ocupado.
-Fazendo o que? Respirando?
-Estou tentando te entender.
-Por que os homens sempre preferem descobrir as coisas sozinhos? Ninguém melhor do que eu para falar de mim, certo?
-Você não vai me dizer a reposta.
-Experimente. –Disse jogando a toalha de mesa nele, fazendo-o se levantar e ajudá-la.
-Por que você mudou de humor tão rapidamente? Nada de bom te aconteceu.
-Eu já chorei o suficiente ontem e hoje. Não tenho que ficar me lamentando mais, afinal, estou com você agora.
-O que você está aprontando?
-Eu? Nada. –Respondeu assustando-o.


-Nada? Depois da minha confissão você está me tratando como se nada tivesse acontecido. O que você planeja?
-Nada, Zac. Não é você mesmo que diz que tenho que agir como uma adulta? É o que eu estou fazendo.
-Sim, eu sei, mas sem um ataque primeiro? Aqueles tapas que você tentou me dar há minutos atrás não devem ter sido o suficiente.
-Esquece isso, ok?
-Desiste, Vanessa. –Zac disse sorrindo. –Esse seu joguinho não vai funcionar. Você é uma ótima atriz, mas eu fui treinado para lidar com pessoas como você.
-Eu não sei do que você está falando.
-Sim, você sabe. Você está tentando agir como uma adulta para me convencer a tirar o agente Walter do seu caminho. Ele não é tão mal assim, Vanessa.
-Não, imagine. Eu passei a noite inteira chorando por que não tinha mais o que fazer. –Disse debochada.
-Você chorou a noite?
-Por que você acha que eu estou maquiada? Por que eu gosto? Só me maquio na semana por que a dona Elise nos obriga dizendo que não podemos assustar os clientes pela manhã que é quando a cafeteria tem o maior movimento, mas somente por isso. Eu odeio maquiagem, me sinto outra pessoa. Eu não sou perfeita, então por que me esconder atrás de corretivos ou sombras? Se eu não me aceitar, quem é que vai? Por que eu estou falando isso pra você? Você nem liga.
-Ei, eu me importo com você.
-Pois não parece. Em vez de sentar-se comigo para termos uma conversa civilizada, você preferiu me colocar nas mãos de um desconhecido que não sabe respeitar ninguém.
-Eu conheço ele.
-Pois eu não e ele não deixa de ser um grosseiro. –Zac começou a rir fazendo-a irritar-se. –Do que você está rindo?
-De nada, continue o seu desabafo.
-Está vendo por que eu digo que você não liga?
-Eu já disse que me importo com você. Que mais provas você quer?
-Um pouquinho de respeito seria um bom começo.
-Você quer falar de respeito? Sério? Com que moral?
-Com a mesma moral que você teve para me pedir honestidade sendo que fez o que fez. Isso deveria ser somente profissional.
-E é profissional.
-Você chega ao cúmulo do ridículo falando isso. Você quer mudar meus conceitos e meu jeito de ser. O que isso tem a ver com o seu trabalho?
-Muita coisa.
-Me diga uma dessas coisas.
-Não é o momento.
-Nunca é o momento.
-Se você fosse mais madura, já saberia metade das coisas.
-Eu não quero discutir com você, não aqui. –Ouviram barulhos de passos e vozes se aproximando e como de costume ficaram um do lado do outro.
-Olá casal. –Gabriela disse sendo a primeira a aparecer. –Estão vestidos, que bom.
-Engraçadinha. –Vanessa ironizou fazendo todos rirem.
-Mãe, pai, esses são Zac e Vanessa, o único casal do grupo. Vanessa, Zac, essa é Susana, minha mãe e esse é Enzo, o meu pai. –Apresentou-os sorridente.
-É um prazer conhecê-los. –Vanessa estendeu a mão sorrindo.
-Igualmente. –Susana foi a primeira a lhe cumprimentar. Logo todos estavam sentados na mesa em que comeriam.
-É uma linda vista. –Enzo comentou apreciando o lugar.
-Sim, o rio Siena é um dos mais bonitos que eu já vi. –Gabriela comentou.
-Você é uma ótima atriz. –Zac sussurrou no ouvido de Vanessa.
-Não melhor do que você. Lobo em pele de cordeiro. –Retrucou.
-Pois da próxima vez que quiser conversar, esqueça do lobinho aqui e ligue para a cobra da sua amiga.
-Uma cobra mais fiel do que você.
-Pois então peça para essa cobra te abrigar na toca dela da próxima vez. –Disse fazendo ela beliscar a perna dele por debaixo da mesa.
-Vanessa. –Gabriela chamou-lhe a atenção estalando os dedos.
-Han?
-Estou falando com você. Deixem para namorar depois.
-O que foi, Gabi? –Perguntou cansada e Zac acariciou as costas dela.
-O meu pai quer saber onde que vocês trabalham.
-Eu trabalho na mesma cafeteria que o Fred e o Zac trabalha como segurança numa loja.
-Não era numa cafeteria? –Tyler perguntou desconfiado.
-Eu faço reversamentos com um amigo. –Zac disse. –As vezes eu fico na cafeteria e ele na loja e as vezes é o contrário.
-E isso é permitido?
-Eles não se importam com quem protege os estabelecimentos e sim se tem proteção. É um pequeno negócio de família, então não tem problemas.
-Ah, entendi.
-Qual a família, rapaz? –Enzo perguntou.
-Família Gonzáles. –Disse e viu que Enzo ficou desconfiado.
-Gonzáles? É uma família conhecida, não deveria dizer que é um pequeno negócio.
-Eu só sei o que me disseram quando me contrataram, senhor.
-Hm.
-É uma família muito conhecida, papai? –Gabriela questionou.
-Digamos que sim. Onde ficam os estabelecimentos?
-Se o senhor conhece a família Gonzáles, deve saber onde ficam os estabelecimentos. –Disse fazendo Vanessa olhá-lo de olhos arregalados. Ele apenas lhe deu um selinho fazendo-a segurar o riso.
-O que ele quis dizer é que se vocês estiverem falando da mesma família Gonzáles, o senhor deve saber onde ficam os estabelecimentos. –Vanessa tentou corrigir.
-Não, eu não...
-Zac, cala a boca. –O encarou.
-Sem DR casal, por favor. –Tyler pediu.
-Sabe o que é isso? É falta. Por que vocês não vão namorar um pouquinho ali e na hora de comer vocês voltam? –Alexandra sugeriu.
-Alexandra. –Vanessa a repreendeu.
-Concordo com ela. –Gabriela disse. –Vocês estão passando pouco tempo juntos e isso não é bom já que vocês já... bom, vão logo, sim? –Vanessa viu que não tinha jeito e se levantou sendo seguida por Zac.
-Elas estão impossíveis hoje. –Vanessa comentou se afastando.
-Só fazem isso por que sabem que você não vai cometer nenhuma garfia na presença dos pais da Gabriela.
-Não mereço essas coisas. –Disse o abraçando.
-Merece sim. Você é uma péssima pessoa as vezes. –Retribuiu o abraço. –Elas pensam que nós já...
-Sim, pensam.
-Você é tão fácil assim?
-Não, seu idiota. Eu dormi pela “primeira vez” na sua casa e depois perdemos a hora, lembra?
-Hmmmm, sei.
-Para.
-Que sentimental. Você está na TPM de novo?
-Não.
-Pois parece.
-Mas não estou. Por que vocês homens culpam a pobre da TPM por tudo?
-Nós não. Vocês mulheres que usam a TPM como desculpa para serem imprevisíveis.
-Você tem útero?
-Não.
-Então sem opiniões.
-Comediante. –Ela suspirou. –Algum problema?
-Eu não sei. Eu estou com medo. E se eu fizer algo que ponha meus amigos em risco?
-O lugar está protegido, não se preocupe. –Ela passou as mãos pelas costas dele, mas parou assim que sentiu algo.
-Você está armado?
-Eu disse que usaria arma.
-Que horror. Fique longe de mim com isso. Ande, quero a posição de Jack e Rose.
-Não posso.
-E por que não?
-Você mexeu na minha arma. No instante que eu me virar, ela vai ficar visível.
-Por que você não usa aquele negócio que serve pra colocar a arma?
-Por que eu acho o porte armamento ridículo e em situações de emergência ele só serve pra atrapalhar com todos aqueles velcros e botões.
- Arrume a arma, então.
-O Enzo vai perceber algo de estranho, então não. Essa posição está boa. –A abraçou.
-O seu peitoral está tapando a minha visão do rio Siena.
-Você já não o viu? Eu particularmente, já estou enjoado de tanto vê esse rio.
-Ele é lindo.
-Não passa de litros e litros d'água acumulados num buraco.
-Você é tão insensível.
-Eu tenho a cabeça no lugar.
-Ok, senhor perfeição.
-Já pedi para você não me chamar assim. Eu não sou perfeito.
-Mas aparenta querer ser.
-Eu só gosto das coisas bem feitas.
-Tudo bem. –Ela disse antes de beijá-lo.
-Hm, meu primeiro beijo do dia. Fiz o que para merecer isso? –Perguntou após o beijo.
-Beijar você me acalma, eu já disse. –Disse limpando o gloss que havia deixado nele. –E você? O que te faz relaxar? Um cafuné, uma massagem? O que é? –Disse fazendo cafuné nele.
-Eu não costumo relaxar. Acho que isso atrapalha o meu desenvolvimento. Eu prefiro ficar tenso por que isso me deixa em estado de alerta o tempo todo.
-Quem foi que te disse isso? Seu chefe? Sabia que as pessoas são diferentes? Eu, por exemplo, funciono melhor relaxada.
-Você é um caso a parte. Eu funciono melhor tenso e prefiro ficar assim. Eu procuro evitar tudo o que poderia me acalmar ou relaxar.
-E isso não te dá pesadelos?
-As vezes, quando eu me permito sonhar.
-Você já tentou relaxar alguma vez?
-Já e é por isso que eu prefiro ficar tenso. Dá ultima vez que me acalmei, coloquei toda a missão a perder.
-Como assim? –Ele respirou fundo e ela percebeu que era difícil pra ele falar sobre isso. Ele raramente falava sobre ele e quando acontecia ele respirava fundo.
-Lembra que eu te falei que saí com uma mulher a meses atrás?
-Lembro.
-Eu só estou te falando isso por que o nosso relacionamento não é de verdade, por que eu sei que mulheres odeiam quando os parceiros falam dos relacionamentos passados. Enfim. Eu saí com essa mulher e digamos que eu me permiti aproveitar o momento e relaxar. Ela dizia que eu era muito tenso e isso a deixava desconfortável. Naquela mesma noite mais tarde eu tinha uma missão para participar e eu estava diferente, digamos assim. Isso deixou o seu pai, Greg, desconfiado e eu contei pra ele o que tinha acontecido e ele, bom, ficou bastante desconfortável por que sabia da minha teoria de funcionar melhor tenso. Em vez de eu me preparar para o pior naquela noite, eu saí com aquela mulher e depois fui para a missão confiante, o que foi um erro. Mesmo estando em maior número, nós ficamos em desvantagem por que eu estava confiante demais. Seu pai morreu naquela missão e eu me sinto culpado por isso. Eu não devia ter feito o que fiz, sabe? Não devia ter perdido tempo achando que tudo daria certo. Por isso eu odeio pessoas otimistas demais.
-É por isso que você se sente culpado?
-Mas a culpa foi minha.
-Não, Zac. Não se culpe assim. Aconteceu por que tinha que acontecer. Olha, pensa assim: Não tem nenhum mal que não traga o bem. Se você pensar bem, vai vê que é assim que funciona. Eu, por exemplo, perdi a minha mãe e isso me aproximou dos meninos. Eu não morava com eles, você deve saber, mas depois da morte da minha mãe eu fiquei com medo de ficar sozinha e como eu só usava o apartamento pra dormir mesmo, vendi e fui morar com eles. A morte do meu pai também trouxe benefícios. Se ele não tivesse morrido, eu não teria te conhecido. E você? Está a onde está por que o seus pais morreram. Você tinha a escolha de seguir a carreira que seus pais tinham ou viver normalmente.
-Não é assim, Vanessa. Eu tinha 10 anos quando saí do colégio militar. Para onde eu iria? Não tinha ninguém no mundo. O governo aproveitou minha necessidade e me estendeu a mão, por que eu não tinha como negar. E mesmo se eu me arrepende-se depois eles dariam um jeito de me manter no emprego. Eles me estenderam a mão e eu sempre vou dever a eles e por isso trabalho para o governo. Não gosto de dever nada a ninguém.
-Mas Zac...
-A sua teoria funciona bem para você, mas não pra mim.
-Tudo bem. –Disse respirando fundo. Logo sentiu as lágrimas molhando o seu rosto.
-O que foi? –Levantou o rosto dela assim que sentiu sua camisa molhada.
-Eu não sei. Por mais que eu me sinta bem com você, eu tenho um nó na minha garganta. Em alguns momentos eu consigo controlar, mas em outros como agora... Eu me sinto tão sozinha, sabe? A minha mãe me faz tanta falta. Eu penso que se ela estivesse aqui, eu não estaria passando por isso. Ela me educou, mas eu que escolhi esse meu jeito de ser. Eu tenho essas atitudes de criança por que foi a melhor época da minha vida. Por que nós crescemos? Por que tudo não pode continuar sendo como se fossemos todos crianças? Sem preocupações, sem preconceitos, só diversão e alegria. Eu queria que inventassem logo a máquina do tempo ou uma fonte da juventude para eu ser criança pra sempre.
-Sabe o que eu acho mais lindo em você?
-O que?
-Sua ingenuidade. A sua alma é de uma criança, Vanessa, e o seu coração também. Claro que existem alguns pestinhas que só com muita paciência, mas você... Você é linda, de verdade.
-Para. –Afundou seu rosto no peitoral dele enquanto sentia o seu rosto corar.
-Eu só estou sendo sincero.
-Eu adoro você. –Olhou pra ele. –De verdade. Você aparenta ser tão fechado e desconfiado com os outros, mas comigo é diferente. Eu vejo um lado seu que os outros não tem o privilégio de conhecer. Obrigado por isso.
-Você é diferente dos outros. Você é sempre sincera, mesmo nos momentos inoportunos e isso é bom. É uma boa qualidade.
-E defeito.
-É. –Trocaram um riso e o beijo parecia inevitável.


-Chega, casal. –Alexandra pediu se aproximando. –O almoço já vai ser servido.
-Então vamos. –Zac disse, mas Vanessa o segurou.
-Ainda não. Alexandra, nos dá licença? –Ela pediu.
-Fazer o que, né. Só não se esqueçam que não estão sozinhos. –Advertiu antes de se afastar.
-O que foi? –Ele perguntou.
-Você ainda não me respondeu.
-O que?
-O que te faz relaxar?
-Pra que isso importa? Eu não gosto de relaxar.
-Me responde.
-Para que?
-Me diz logo.
-Vanessa...
-Estou começando a pensar que aquela coisa te faz relaxar.
-Que coisa?
-Aquela.
-Mas... Sua pervertida. –Disse fazendo-a gargalhar. –Meu Deus, você é terrível. Sua alma pode até ser de criança, mas sua mente...
-Nada a vê. Eu só estou falando o que penso. Sou sincera, lembra?
-Muito sincera pro meu gosto. –Disse a erguendo pela cintura e sentando ela na barra de proteção da sacada.
-Eu sou irresistível assim mesmo. –Fez graça e ele a inclinou. –Não, não, não. Não faça isso. Eu tenho medo de altura.
-Retire o que disse.
-Não vou retirar nada. Me ponha no chão.
-Ah, você quer o chão? O lá de baixo? Quer vê se fica irresistível lá? –A inclinou mais ainda.
-Não, Zac, por favor. Não faz isso, por favor. Eu não gosto de altura. Eu não tenho asas, não sei voar. Me poem no chão.
-Está com medo? Mas você não é a super-mulher? –Perguntou vendo as lágrimas se formando nos olhos dela.
-Não, eu não sou. Eu não sei voar, me tira daqui.
-Retire o que disse.
-Por que você está fazendo isso?
-Eu já expliquei que você faz coisas comigo que ninguém faz e por isso recebe seus castigos. Meus braços estão se cansando, então se apresse.
-Zac. –Gritou.
-Retire o que disse.
-Eu retiro. Me desculpa, ok? –Ele sorriu e a trouxe de volta para seu peitoral. –Eu odeio você. –Sussurrou sentindo as lágrimas escorrerem.
-Coitada, Zac. Você não sabe que ela tem medo de altura? –Alexandra disse se aproximando com um copo. –Aqui, água com açúcar para você se acalmar. –Entregou para Vanessa e viu que ela tremia. –Coitada.
-Ela mereceu. –Ele se defendeu.
-Espera aí. –Gabriela disse. –O que é isso na sua cintura? –Perguntou chamando a atenção de todos.
-Você está armado? –James perguntou fazendo Zac colocar Vanessa na sua frente como um escudo enquanto Enzo se levantava.

-----x-----

Está aí mais um capítulo. Hmm, o que será que vai acontecer? O que eles temiam aconteceu, hein? Como será que vai ficar o clima depois dessa? Vocês viram que o Zac é meio malvadinho as vezes, mas com suas razões. O que será que ele vai fazer com a Nina? Não sei, não sei u.u Obrigado a quem comentou. Espero que gostem desse capítulo também. Desculpem a demora. Para não acontecer novamente agora que a fic está ficando boa, eu vou começar a escrever o próximo capítulo agorinha mesmo e já vou passar para o de Whatever Will Be que também está pegando fogo.
Xx

6 comentários:

  1. Adoreiii o capitulo,
    e agora oque vai acontecer com o Zac ??
    to super curiosa aquii,posta logo bjinhoss :*

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  2. OMG o Zac tá ferrado...
    tô louca pra saber o vai acontecer...
    amei o capítulo,posta mais,kisses

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  3. Nossa que emoção foi essa ? continua.

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  4. Nossa!!!
    Você arrasou
    Cada dia mais apaixonada pela ficção

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  5. OMG! está perfeito.
    Estou ansiosa para ler o próximo capitulo.
    realmente o Zac as vezes é malvado rsrs.
    Amei o capitulo!

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  6. OMG!
    O que eles vão fazer agora?
    Povo bocudo, não tinha que falar nada sobre a arma.
    Amei o capítulo.
    Os dois conseguem ter o seus momentos!
    Posta logo
    Bjos

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