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quinta-feira, agosto 22, 2013

Capitulo 4

Eles já estavam na metade do caminho da república onde Vanessa morava e Zac ainda estava abismado com a cena que havia presenciado minutos antes. O choro dela, o desespero, o ataque de pânico, a histeria, a falta de ar... Tudo atuação. Ela era realmente boa nisso.

-Pensando em que? –Ela questionou se aconchegando mais a ele. Amava aventuras, mas odiava andar de moto. Ainda mais em alta velocidade e tarde da noite. E o que mais a perturbava era que ele não usava capacete.

-Na sua atuação.
-Mereço um Oscar?
-Com toda certeza. –Riu. –Onde você aprendeu a atuar?
-Na escola?! –Respondeu em modo de pergunta.
-Sério?
-Sim. É uma matéria, como canto e dança. –Respondeu confusa. –Você não frequentou a escola?
-Apenas nos 2 primeiros anos e então, passei a ter aulas em casa. Depois fui para um colégio interno em Londres, de onde fui expulso, e então fui para um colégio militar, de onde também fui expulso.
-Nossa. Você era tão terrível assim?
-Nem tanto. Odeio ficar preso, e por isso, me rebelei la dentro. Mas com o propósito de sair e não de conseguir fama como os outros internos.
-É costume da CIA e do FBI pegar os alunos expulsos de colégios internos?
-Só os de Londres. –Riu. –Brincadeira. Não foi o fato de eu ter sido expulso e à razão pelo qual fui. Sabe como é difícil ser expulso de um colégio em Londres?
-Não, mas posso imaginar.
-Agora tente imaginar ser expulso de um colégio militar.
-É demais pra mim. –Riu. –Como você fez isso?
-Eu escutei meu pai dizendo que me mandaria para o colégio militar. Minha mãe não queria, afinal, era demais e eu tinha apenas 8 anos. Então, eles resolveram me mandar para um internato em Londres.
-Mas porque?
-Eles iriam para uma missão perigosa e possivelmente, não voltariam com vida. Sim, eles também eram agentes da CIA. Então, com duas semanas antes de nos mudarmos, eles me falaram que eu teria que estudar numa escola, pois iríamos nos mudar. Eu tinha aulas em casa, com uma agente, claro. Enquanto eles planejavam como seria nossa viajem, eu ja havia planejado minha fuga. Passei apenas dois meses no colégio.
-O que você fez?
-Coloquei fogo nos dormitórios. –Disse da forma mais tranquila e ela riu.
-Maniaco. –Riu.
-Meus pais ficaram loucos. Então me mandaram para o colégio militar, onde fiquei apenas 2 anos. Passei apenas dois meses planejando minha fuga, mas eu fiz uma amizade la dentro e sabia que assim que eu saísse, ele voltaria a ser saco de pancadas.
-Você era o anjo da guarda dele?
-Mais ou menos. Eu não gostava de chamar a atenção, mas a situação me fez mudar de opinião. Nunca fui de brigar, mas fiz questão de deixar claro do que eu era capaz de fazer caso mexessem comigo ou com Drake.
-É o nome de seu amigo?
-Ex amigo.
-Porque não é mais?
-Prefiro não comentar. –Disse diminuindo a velocidade até parar totalmente. –Chegamos.
-Ah, não. Estou curiosa. O que você fez para ser expulso do colégio militar? –Perguntou descendo da moto.
-Quer mesmo saber? –Questionou a encarando com aquele par de olhos azuis da cor da noite.
-Sim. –Lhe entregou o capacete.
-Me abrace. –Sussurrou.
-Como?
-Estamos sendo observados e como vou ser uma visita constante aqui, preciso que pensem que já nos conhecemos à muitos anos. –Explicou sussurrado. –Me abrace. –Repetiu. Ela olhou pelo retrovisor da moto e viu sua colega de quarto a encarar, e então o abraçou.
-Agora me conte. –Disse se soltando do abraço, mas ainda próxima dele.
-Você é muito curiosa. –Riu.
-Apenas quero saber com quem estou lidando. Agora me conte.
-Não foi tão difícil como no colégio interno. No começo, eles ficaram de olho em mim, pois sabiam o que eu tinha feito. Dois anos depois, eles ja tinham me esquecido. Foi nesse período que meus pais morreram, mas descobri isso depois que saí. Entretanto, como eu posso te dizer...
-Prometo conseguir dormir a noite. –Riu.
-Você prometeu hein. –Riu. –Eu...–Engoliu em seco com vergonha. –Eu roubei as armas de um dos guardas e então, rendi o vice-diretor e obriguei-o a assinar minha carta de saída. –Abaixou a cabeça envergonhado puxando-a pela cintura.
-Nossa.
-Eu o rendi durante o banho, então... Eu fiz ele passear pelo colégio inteiro sem roupa alguma. A humilhação o fez querer me expulsar mais do que o roubo das armas.
-Mine demônio. –Riu chocada.
-Eu sei, eu era terrível. E foi isso que chamou a atenção do governo. Meus pais nunca me ensinaram a usar armas e eu sabia. Parece que nasci sabendo. O mesmo com o dom de planejar as fugas. –Riu. –Eles nem sequer tinham ideia de que eu sabia que eles não eram pais normais.
-Como você descobriu?
-Bom, escutas telefônicas espalhadas pela casa, munição na caixa de ferramentas e eu sempre percebi que era seguido. E digamos que minha tutora não era tão discreta.
-Nossa. –Foi apenas o que conseguiu dizer.
-Eu sei, sou muito inteligente. –Riu.
-Então trabalhas para o governo desde...
-Desde meus 10 anos. Me mandaram para uma escola interna na Rússia, mas nas escolas de lá, você não aprende o valor de Δ e sim a invadir computadores. Não em qualquer escola, claro. Nas...especiais.
-Informação demais. –Riu. –Estou sem saber o que dizer.
-Eu sei. Mas ja chega. Esta ficando tarde e eu ainda tenho trabalho a fazer. Trate de fazer sua colega de quarto temporária sair de lá para eu poder entrar.
-Mas como?
-Diz que você não quer mais dormir com ela. Invente uma briga. Ela tem que crescer. Chegou a tempos e ainda dorme com você? Ela precisa se acostumar a dormir sozinha.
-Pra que você quer entrar la?
-Te ajudar com as coisas.
-Não vou me mudar.
-Eu sei. Apenas algumas roupas.
-Ta bom então. –Disse.
-Me abraça.
-Eu ja te abracei.
-Mas a plateia aumentou.
-Achei que devíamos parecer amigos e não namorados.
-Mas... –Parou de falar no meio da frase e sorriu tendo uma ideia.
-Não, nem pensar. –Ela disse sacudindo a cabeça freneticamente.
-Qual é. Você é uma ótima atriz, não é?
-De jeito nenhum. –Ele riu e ela permaneceu séria. Ele parecia adorar provocá-la.
-Quer que eu force?
-Você só pode esta ble...
-Blefando? É isso quer você quer dizer? Diga, e eu lhe mostro o blefe. –Desafiou.
-Um abraço, não é? –Perguntou rendida.
-Um abraço.
-Apenas isso?
-Um beijo no rosto, talvez.
-Isso é abuso.




-É atuação. E não precisaríamos fazer isso se você não puxasse tanto assunto.

-A culpa é minha agora?
-Sim. Agora me abraça e me da um beijo no rosto. Depois entra, inventa qualquer coisa e vai direto para o quarto. Vou por a moto no outro quarteirão e depois vou para o seu quarto, por isso, seja rápida.
-Ta bom então. Foi bom te reencontrar. –Falou ela num tom mais alegre e mais alto.
-O mesmo. –Se abraçaram e então ela o beijou no rosto. –Até amanhã.
-Amanhã? –Perguntou confusa.
-É, vamos tomar café juntos, esqueceu? Você prometeu que me mostraria a cidade. –Disse a puxando pela cintura novamente.
-Ah, sim. –Falou. –Até amanhã. –E virou as costas. Respirou fundo e olhou para a mini plateia que havia se formado na janela de seu quarto. Os 5 logo adentraram. Sabiam que ela não gostava de ser bisbilhotada. Antes de entrar, ela virou e seus olhares se encontraram. Pela segunda vez naquela noite, ela viu o quão belo ele era. Já dentro da república, todos a olhavam.

-Querem foto ou autógrafo? –Perguntou ela tirando a bolsa do ombro.

-Nós vimos. –Disse Gabriela, uma linda garota de 19 anos, filha única de pais separados, que dividia o quarto com Vanessa.
-Viram o que? –Perguntou Vanessa fingindo não entender.
-O gatinho do seu namorado. –Falou ela com seu forte sotaque inglês que havia adquirido nas suas viagens a Londres.
-Ele não é meu namorado. Somos amigos de infância.
-Claro. –Jason disse. –O que ele tem que eu não tenho? –Dito isso, o francesinho recebeu uma almofadada na cara.
-Você deveria esta na sua casinha, do outro lado da rua, Sr Jason.
-Ma belle, je vous attends de recevoir mon baiser bonne nuit (minha linda, eu estou esperando receber o meu beijo de boa noite) –Disse ele com seu melhor sorriso.
-Desiste, Jason –Interrompeu Gabriela com um sorriso maroto. –Seu beijo de boa noite foi transferido a outra pessoa. Melhor dizendo, o gatinho da moto.
-Serio, galera? –Perguntou Vanessa. –Eu ja disse que ele não é meu namorado. É apenas um amigo meu. Querem saber? Estou cansada demais para discutir. Vou para o meu quarto e não quero nenhum barulho.
-Mas...
-Desculpe Gabi, eu não posso mais dormir com você. Você vive viajando por aí, mas não pode dormir sozinha? Eu..Eu não quero mais fazer isso. Se quiser dormir com alguém, durma com Alexandra. Ela deve esta acordada agora, treinando para a entrevista de emprego que fará amanha. Fale com ela.
-Mas Vanessa...
-Mas nada. Minha cabeça esta latejando. Désolé les. (sinto muito.) –Deu um sorriso triste e saiu.
-Alex n'est pas encore arrivé. Savez-vous où il se trouve? (Alex ainda não chegou. Você sabe onde ele está?) –Perguntou Gabriela a seguindo escada acima.
-Je n'ai pas vu. Bonne nuit. (Eu não vi. Boa noite.) –Respondeu Vanessa fechando a porta do quarto. Trancou-a e escutou burburinhos na sala. Com certeza eles falavam de sua chagada tardia e de seu mal humor. Tentou os ignorar e pegou uma mochila. Pôs uma calça jeans preta, uma blusa de manga longa preta e suas peças íntimas, também pretas. Nos poucos minutos que ficou na agencia, se sentiu totalmente deslocada. Afinal, todos de roupas escuras e apenas ela com uma calça jeans azul-claro com detalhes brancos e blusa roxa. Olhou os calçados e se arrependeu de não ter comprado nenhuma sapatilha preta. O único sapato preto que tinha era de salto e isso o fazia inútil para a ocasião. Pegou sua sapatilha dourada preferida e quando se virou, se deparou com um belo par de olhos lhe admirando.

-Esta aí a muito tempo?  –Perguntou ela.

-Sim. Não entendo o porque das mulheres demorarem tanto para escolher roupa.
-Homens.  –Disse e revirou os olhos.
-Seus amigos são tão receptivos. Principalmente o Jason. Esta me jogando pragas até agora.
-Apenas ignore. Estão assim pela hora que cheguei. Devem estar pensando que você me levará para o caminho da perdição. Eles são super protetores, apenas isso.  –Pôs o resto de seus pertences que precisaria na bolsa.
-Super curiosos, isso sim. Já?
-Eu acho que sim.
-Então vamos.
-Espera, eles ainda não dormiram.
-E?
-E como vamos passar por eles?  –Zac se apoiou na janela convidativo.  –Não. De jeito nenhum.
-Como você é medrosa. Não é tão alto.
-Não. Prefiro esperar eles dormirem.
-Eu ate esperaria, mas isso não vai acontecer. –Disse ele pondo os pés do lado de fora, e pulando em seguida. –Jogue a mochila. –Ela jogou e ele a pôs no chão. –Sua vez.
-Se você me deixar cair...
-Não vou.
-Prometa.
-Eu prometo. Agora vem. –Ela respirou fundo. Se apoiou no peitoral e então pulou.

-Já pode abrir os olhos. –Disse ele com ela nos braços.

-Ah, sim. Obrigado. –Disse pondo os pés no chão. Pegou sua mochila e a pôs nas costas. –Onde esta a moto?
-No outro quarteirão.
-Então vamos.
-Espera. –Disse ele estendendo o braço, impedindo sua passagem. Segundos depois Jason surgiu pela porta da república.

-Je ne peux pas le croire. J'essaie de sortir avec Vanessa depuis plusieurs mois et ce gars-là apparaît à côté de son. (Eu não posso acreditar nisso. Eu tento sair com Vanessa por vários meses e esse cara aparece ao lado dela) –Disse Jason.

-Calme, Jason. Faut juste être un ami.(Calma, Jason. Deve ser apenas um amigo) –Disse James que era o mais velho da república.
-Vous avez vu comment elle a traité Gabriela après sortir avec lui. Bonne personne il est.–Ironizou.(Você viu como ela tratou Gabriela depois de sair com ele. Boa pessoa que ele é)
-Doit être un truc de femme. Ne pas le juger.(Deve ser coisa de mulher. Não julgue)
-Êtes-vous contre moi. Bonne nuit.(Você está contra mim. Boa noite). –E saiu. Após o barulho da porta da república e de uma porta mais adiante sendo fechada ecoar, Zac abaixou o braço.

-Podemos ir agora? –Perguntou Vanessa.

-Oui (sim). –Disse e Vanessa se assustou, afinal, não havia visto ele pronunciar uma palavra sequer em francês.
-Fala francês fluentemente?
-Mais ou menos. –Disse enquanto eles atravessavam o quarteirão. –Adorável esse Jason.
-Por favor. Ele esta meio certo.
-Meio não é completo. Que culpa eu tenho se sou mais bonito?
-Que engraçado. É comediante, também?
-Não, mas sei que também tenho esse dom. Sou multiuso.
-Percebe-se. Então, estamos muito longe?
-Além de medrosa é preguiçosa?
-Não. Eu trabalhei o dia inteiro, estou cansada.
-Ah, sim. Esqueci desse detalhe.
-Agora responda. Estamos longe?
-Não muito. Estacionei a moto perto daquelas árvores que rodeiam o rio.
-Porque tão longe?
-Pelo barulho.
-Entendi. –Andaram mais um quarteirão. Vanessa avistou a moto e teve receio.
-Não tem medo de assalto? –Perguntou ela enquanto ele lhe entregava o capacete.
-Não.
-E de acidente?
-Não sou um péssimo motorista.
-Mas anda em alta velocidade.
-Você esta de capacete.
-Mas você não.
-Ah... Esta preocupada comigo?
-Lógico que não. Mas se algo te acontecer, quem me levará de volta para casa? Não sei pilotar moto.
-Hm. Acabou de me dar uma ótima ideia. A segunda na noite. Vamos nos dar bem.
-Como assim? –Ele balançou o guidão oferecendo-o. –Não, nem pensar.
-A primeira aula é de graça.
-Não. De jeito nenhum. Quero chegar inteira no AP dos protegidos.
-Que bom que você tocou no assunto. Já estava esquecendo. Enquanto você dava seu ataque, eu conversava com o chefe de segurança do AP e ele disse que você não poderá ir para lá por super lotação, o que é irônico, já que tem espaço de sobra. O que falta é segurança para você.
-Nossa, adorei a notícia. –Disse ela dando meia volta.
-Para onde vai?
-Para casa. Na rua que não vou ficar.
-Deixa eu terminar de falar? –Disse ele lhe segurando.
-Terminar de falar o que? Não tem lugar no AP, então vou pra casa.
-Não tem lugar no AP, mas tem no condomínio que lhe falei.
-Dos agentes? Dispenso. –Tentou se virar.
-Porque? –Lhe puxou novamente.
-Porque –Soltou seu braço –eu não sou uma agente.
-Mas eu sim, e vamos logo porque como eu ja disse, tenho trabalho à fazer.
-Mas...
-Quer mesmo fazer as coisas do modo mais difícil? –Ela respirou fundo e negou com a cabeça. –Ótimo. Agora sobe.
-Não vou pilotar.
-Não é tão difícil.
-Não vou pilotar. Além do mais, não sei o caminho.
-Tudo bem. Dessa vez passa. –Ele montou na moto e a ligou. Ela encarou novamente o espaço minimo que era seu acento e então, subiu.

-Pronta? –Perguntou quando sentiu os braços dela em volta da sua cintura.

-Não. –Disse ela e apertou-o ainda mais forte.
-Ótimo. –Disse ele e arrancou.


[...]



-Nossa. É lindo. –Disse ela enquanto ele trancava a porta. O apartamento era grande e pintado de branco. Havia pouca mobilha, que também era de cor branca. Ela tirou o casaco e pendurou-o.

-Só não repara na bagunça. –Disse ele pondo as chaves da moto numa mesa e então se preparou para tirar a camisa.
-Wow, o que você esta fazendo? –Perguntou ela assustada.
-Como assim o que estou fazendo? Me preparando para tomar banho.
-Pode muito bem fazer isso no seu apartamento.
-Esse é meu apartamento.
-Como?
-Você ouviu perfeitamente.
-Você não mencionou isso.
-Mencionei sim. Você disse que não era uma agente, e respondi que eu era.
-Sim, mas na agencia você ofereceu um apartamento só pra mim.
-Não. Te ofereci um quarto.
-Mas... Mas.... –Ela não conseguia pensar em mais nada.
-Mas nada. Vou tomar banho. Seu quarto é aquele ali. –Apontando uma porta no final do corredor. –Já volto e nem pense em fugir. –Depois que ele fechou a porta do banheiro, ela simplesmente desabou no sofá.

-Isso só pode ser um pesadelo.


---x---


Ta aí mais um capitulo e adianto que o próximo será super divertido

Xx Thaís

domingo, agosto 04, 2013

Capitulo 3

-Você só pode estar de brincadeira comigo. Meu pai? Agente do FBI?
-Não estou brincando, não tenho motivos para isso. Sim, seu pai, Gregory Hudgens, era um agente do FBI, e era um dos melhores.
-Ma-ma-mas como? –Perguntou ela ainda chocada.
-Se alistando no exército americano. Durante a guerra, perceberam que ele tinha talento, afinal, sempre bolava planos infalíveis e parecia saber o que o inimigo pensava. Então, o FBI o contratou, e então, a partir dai, ele passou a trabalhar conosco.
-Mas minha mãe disse que ele voltou para a casa depois do final da guerra.
-Seu pai não ficou ate o final da guerra. Apenas dois meses na guerra, o FBI entrou em contato com ele e disse que sua esposa havia falecido. O choque o fez querer voltar imediatamente para os Estados Unidos, mas claro, foi apenas uma mentirinha básica do governo. Conversaram com ele e lhe convidaram a fazer parte do FBI. Ele aceitou, afinal, era mais seguro e ele ficaria mais perto da sua mãe.
-Se ele só ficou dois meses, porque não foi pra casa?
-Porque nesse período, ele aprendeu as manhas desse emprego. Ele era super dedicado e aprendeu tudo rapidamente. Depois dele aparentemente voltar da guerra, passou um ano com sua mãe em casa. Foi nesse tempo que você foi gerada. Como todo bom agente, ele tinha inimigos e então, ele foi obrigado a se divorciar de sua mãe para não coloca-la em risco. Ele tinha medo de não adiantar, e por isso, forjamos sua morte. Gregory passou a monitorar a sua mãe 24 horas por dia, pois sabia que ela era um alvo fácil para seus inimigos, e sua morte não foi acreditada, afinal, não encontraram o corpo. O FBI também passou a proteger você e seus passos durante toda sua infância e adolescência.
-E onde você se encaixa nessa historia? Se meu pai era tão eficiente como você diz, pra que um parceiro?
-Por segurança.
-Então, um homem de 20 anos protegia meu pai? Esta explicado porque ele morreu. –Debochou.
-Não tenho 20 anos, tenho 24, e para sua informação, eu trabalho com seu pai desde meus 15 anos de idade. Eu era um agente da CIA e coletava informações do governo russo e as passava para nosso país. Diversas vezes salvei nossa pátria. Sabia que ate hoje os russos não perdoaram os EUA pelo cancelamento do Plano Marshall? Sabe quantas vezes avisei para nosso presidente que os russos planejavam por os tanques em campo para iniciar uma batalha? Sabe quantas vezes forjei uma pane no sistema russo para impedir que eles roubassem informações confidenciais?
-Não, e não quero saber.
-Não ia lhe contar, porque são informações confidencias. Entretanto, estamos fugindo do verdadeiro assunto. Seu pai. Ele me procurou e me convidou para trabalhar com ele. Aceitei e então, fomos parceiros por quase 9 anos. Aprendi muito com ele, e posso te garantir que ele não te perdia de vista em nenhum momento. Sabia que nós presenciamos seu primeiro beijo? –Falou serio, mas sorria com os olhos.
-O QUÊ?
-Você pode falar tudo do seu pai, menos que ele era ausente.
-Você esta blefando.
-Não blefo.
-Prove. –Desafiou.
-Numa tarde após a escola, com quase 16 anos, num beco próximo ao Starbucks, com Joe Petrova, do ultimo ano. Péssimo gosto esse seu.
-Ele era o garoto mais popular da escola.
-E o mais idiota. E nem tente defende-lo, porque pela sua cara, você odiou.
-Era meu primeiro beijo, não sabia o que estava fazendo.
-Foi bem visível sua cara de nojo. Eu bem que te entendo, afinal, era a primeira vez que alguém enfiava a língua na sua boca.
-Chega. Isso não é da sua conta.
-Seu pai ficou arrasado, e a maioria dos agentes ficaram do lado dele, o cara era um mala sem alça.
-Eu disse che-ga.
-Sabia que hoje ele é traficante de drogas? –Perguntou a ignorando completamente.
-Não, não sabia. E não me interessa.
-Você foi motivo de piada durante duas semanas. De todas as filhas e filhos de agentes, a escolha da filha de Gregory Hudgens para o primeiro beijo foi a pior.
-Como assim? Quem sabe disso?
-Quem não sabe é o que você deveria perguntar. Todos te acompanhávamos, Vanessa. 24 horas por dia. Ate hoje temos o vídeo, e de vez em quando, vemos para descontrair.
-Que absurdo é esse? Quero essa fita agora, tenho que destruí-la. Isso é uma total invasão de privacidade.
-Desculpe, é um arquivo secreto que pertence ao FBI.
-Se é tão secreto, ninguém devia ver sempre que tem vontade.
-Nisso você tem razão, mas quem disse que cumprimos regras? –Riu.




-Todos aqueles agentes que estavam conosco no helicóptero...
-Sim. Eles reviram hoje, antes de te buscarmos, para te reconhecermos.
-Não tinha outros vídeos, não?
-Tinha, mas aquele é o melhor.
-Eu quero essa fita. –Repetiu.
-Querer não é poder. E já mudamos de assunto de novo. Não queres saber de sua mãe?
-Minha mãe morreu há 6 anos atrás durante um assalto.
-Não, sua mãe morreu porque ela sabia que seu pai era um agente do FBI, e sabia que ele tinha inimigos. Só que não sabia quem era, e isso causou sua morte.
-Quer dizer que vocês sabem quem a assassinou e não fizeram nada?
-Você acha que é fácil? Tentamos de todos os modos protege-la, mas ela confiava muito fácil nas pessoas. Durante uma tarde chuvosa, ela aceitou a ajuda de um completo estranho para acompanha-la nas compras e na volta, ele a matou e para fazer graça, ficou com as compras. Isso foi um golpe muito duro para seu pai, e o Flecher sabia disso.
-Quem é Flecher?
-O assassino de seus pais. Ele era um agente muito antigo do FBI, mas acabou mudando de lado, e virou o pior inimigo de Gregory. Ele que mandou aqueles homens te matarem hoje.
-Porque ele não esta morto? Porque vocês não o matam? –Perguntou com lágrimas nos olhos e ódio no coração.
-Tentamos diversas vezes, mas ele sempre tinha mais de um plano.
-Como que meu pai morreu?
-Morreu durante uma armadilha para Flecher. O plano era perfeito, mas não deu certo. Seu pai não se controlou, e então, acabou nos revelando. Flecher foi mais rápido e atirou nele. Também fui atingido, mas sobrevivi.
-Por quê?
-O tiro que ele deu em seu pai foi na cabeça. Em mim, foi no braço.
-E ele saiu ileso?
-Não. Durante a luta corporal, seu pai conseguiu acerta-lo com uma faca, o que o deixou com uma cicatriz no lado esquerdo do rosto. Ele pode fazer diversas plásticas, mas a cicatriz estará sempre lá.
-Porque você esta me contando isso? Não podia continuar me protegendo a distancia?
-Você tem que aprender a se defender Vanessa, era isso que seu pai queria.
-Mas ele esta morto. MORTO.
-Sim, e ele sempre me pediu que protegesse você caso algo acontecesse a ele. Estou apenas cumprindo minha promessa.
-Eu quero saber de Alex, como ele esta. Porque não o trouxemos?
-Seu namoradinho esta bem, pode ficar tranquila.
-Ele não é meu namorado, é meu amigo.
-Mas ele gosta de você.
-Você esta o espionando, também?
-Todos que convivem com você são investigados, para sua segurança.
-Então, se eu der dinheiro a um mendigo, vocês investigariam a vida dele?
-Claro, ninguém esta livre de especulações, todos são suspeitos.
-Vocês são tão intrometidos e estúpidos.
-E você é tão ingênua. Nem tudo o que parece é. Sabia que seu amiguinho não é quem você pensa?
-O que você esta insinuando?
-Ele já fez parte de uma quadrilha, e ainda mantem contato com eles. Sabia disso?
-E daí? Ele pode ter feito amigos. Todos tem um passado obscuro.
-Se fosse uma quadrilha de drogas, tudo bem. Mas não era isso. Ele traficava órgãos, sabia disso?
-Esta blefando.
-Eu não blefo, e já te provei.
-Ma-ma-mas e dai? Você mesmo disse, fazia, não faz mais. –Falou com certo medo. Isso só podia ser um pesadelo.
-Ele ainda mantem contato com eles, e por isso não me preocupei muito. Afinal, se algum órgão dele for danificado, ele ganha outro novinho em folha. O que me preocupa é você não perceber as coisas.
-Perceber o que? Vai dizer que ele apenas é meu amigo porque quer meus órgãos?
-É uma hipótese, mas não tenho tanta certeza. Outra coisa em você o interessaria mais.
-E o que seria?
-Você sabe que seu tipo sanguíneo é raro, não sabe?!
-O que tem?
-O sangue do líder dessa quadrilha também é +AB. Como todo líder de quadrilha, ele é constantemente ameaçado, e você esta praticamente no topo da lista dos doadores caso algo acontecer a ele.
-Eu não conheço nenhum dos amigos de Alex.
-Isso não importa. Você confia cegamente nele e se ele te levasse para algum lugar de olhos vendados jurando surpresa, você iria.
-Não fale do que você não sabe
-Eu estou falando porque eu sei. Isso já aconteceu e você sabe.
-Quase aconteceu. –Corrigiu-o. –A moto dele quebrou.
-Sim, e já pode me agradecer.
-Foi você?
-Claro. Você estava sendo levada para a beira do precipício.
-Não é verdade. Íamos acampar no alto da montanha.
-Que tem um precipício no meio do caminho.
-É uma das vistas mais lindas da França.
-E por isso, a quadrilha tem uma base lá. Muitas pessoas são atraídas pela vista. Como diz um ditado popular “peixe morre pela boca”, mas no seu caso, iria ser pelos olhos.
-Eu não quero mais falar sobre isso. Quero saber onde Alex esta.
-Tem certeza?
-Sim.
-Você que pediu. –Disse Zac se sentando na sua mesa e então utilizou a discagem rápida. Pôs o telefone no viva voz.
-Ela esta dando muito trabalho agente Efron? –Perguntou a voz do outro lado da linha.
-Já peguei piores. Quero saber sobre o cara que foi baleado, Alex Pettyfer. Ele já deu entrada em algum hospital?
-Não, isso não conta nos nosso sistema. Nenhum Alex Pettyfer foi internado. Mas o agente Bones que ficou pelas redondezas vigiando o corpo afirma ter visto um camburão perto da entrada do beco, e em seguida, o corpo havia sumido. Pela placa, devia ser da sua antiga quadrilha.
-Certo. Mantenha-me informado. –Desligou. –Satisfeita?
-Isso só pode ser mentira. –Falou Vanessa. –Cadê as câmeras? Isso é uma pegadinha, não é?
-Porque é tão difícil pra você aceitar que o mundo não é cor de rosa?




-Porque você não morre?

Ele já não aguentava mais as infantilidades de Vanessa. Levantou-se e a pegou pelos braços e apertou-a bruscamente a balançando.

-Escuta bem, garota. Eu não vou mais aguentar nenhuma de suas gracinhas. Você acha que seu pai se orgulharia de ver você agindo como uma criança mimada? Não, não se orgulharia. Então pare de agir como uma estupida e cresça. Estou aqui para ajudar, mas você não parecer querer ser ajudada. Mas deixa eu te falar uma coisa: Você não tem querer. Ou você vai agir conforme mandam as regras por bem, ou por mal. Você decide.
-Você esta me machucando.
-Eu não me importo.
-Me solte, ou eu vou gritar.
-Grite, você só vai virar motivo de piada mais uma vez. É isso que você quer?
-Me solte.
-Promete agir como uma adulta de 23 anos como você é.
-Eu prometo. –Ele a soltou. Ela massageou um dos braços. Ele com toda certeza a havia dado vários hematomas. –Como eu vou fazer isso? Vou ficar escondida ate vocês pegarem esse tal de Flecher?
-Primeiramente, voltaremos para os EUA. La é mais seguro. Depois, vou te ensinar a se proteger.
-Como assim?
-Não se faça se tonta, eu sei que você herdou a inteligência de seu pai.
-Eu não sei lutar.
-Eu sei disso, por isso que vou te ensinar a lutar.
-Eu não sei se é uma boa ideia. Você acabou de dizer que eu tenho a inteligência de meu pai, ou seja, nada de força.
-Você consegue.
-Eu sempre fui péssima em exercícios, quase reprovei em educação física.
-Aqueles exercícios são errados. O único que permanece é a corrida. Você vai se sair bem.
-Preciso pensar.
-Tem a noite inteira para pensar. Quer ir para o quarto agora?
-Você quis dizer minha casa.
-Não. A partir de hoje você morará num condomínio, onde apenas agentes habitam.
-Mas eu não sou uma agente.
-Mas eu sim.
-Eu não posso sumir de repente.
-Mas não é seguro na sua casa.
-Eu moro nela desde os 17 anos, e nunca aconteceu nada.
-Porque não sabiam seu paradeiro.
-Mas tenho amigos lá.
-Fará novos. Se estiver acostumada a conviver com muitas pessoas, tem o AP onde estão as pessoas que participam do programa de proteção a testemunhas. Não é um lugar muito calmo, mas é seguro. Muito seguro.
-O que quer dizer?
-Onde você estiver; dois seguranças estarão também.
-Não, passo.
-Lamento lhe informar, mas agora só temos o AP como opção.
-Tudo bem. –Respondeu relutante. –Quando eu me mudo?
-Agora.
-Qual parte do ‘não posso sumir de repente’ que você não entendeu?
-Certo. Plano B então. Deixo-te lá todas as noites ate você ser chamada para um ‘novo emprego’ nos EUA, e então, nos mudamos. Mas deixo claro: Você não irá dormir lá. Entrará pela porta e sairá pela janela, todas as noites, ate voltarmos para a América.
-Então, aparentemente vou continuar levando minha vida normalmente, mas sempre dentro do alcance dos seus olhos.
-Como sempre.
-Certo. Deixa-me em casa.
-Antes, você será interrogada.
-Não pode ser depois?
-Não se você não tiver um bom motivo.
-Finjo que estou em choque e que não posso falar. –Ele a olhou com um sorriso maroto. –Que? Pensa que é o único que sabe atuar?





-Você é realmente filha do seu pai. –Sorriu.

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Ta aí meninas, depois de meses sem postar. Espero que nos perdoem pela demora e esperamos que gostem (:

Xx Thaís