-Nãããão.
-Temos que sair, vamos.
-Não. Não tenho nada para fazer na rua.
-Temos que ir comprar os seus equipamentos.
-Eu não sei nada sobre essas coisas, a minha presença é dispensável. –Disse com o rosto enfiado no travesseiro.
-Mas vamos precisar comprar roupas apropriadas e os equipamentos tem que ser do tamanho certo.
-O do tamanho menor vai servir.
-Ah, agora a senhorita assume que é pequena, não é? Só pode está com sono mesmo.
-Me deixa dormir, Zac.
-Você precisa levantar. Vamos, tome logo um banho frio e se vista.
-E o café da manhã?
-Café da manhã? Almoço seria mais apropriado.
-Que horas são? –Perguntou erguendo-se na cama e ele conteve o riso.
-Onze e meia.
-Do que você está rindo?
-De nada.
-Zac...
-Se olhe no espelho e descubra. –Disse indo em direção a porta. –Você tem quinze minutos. –Disse saindo. Vanessa se levantou de má vontade e foi em direção ao banheiro. Tinha dormido mal. Estava sem sono e não conseguia entender o por que. Tomou um banho descente ou o que deveria ter sido num período de cinco minutos e foi atrás de uma roupa. Pensou que se sobrasse tempo dos quinze minutos talvez Zac deixasse ela comer algo. Como ele havia comentado algo sobre comprar roupas, preferiu usar um vestido fácil de tirar. Calçou uma sapatilha, prendeu o cabelo num rabo de cavalo frouxo e trancou a porta do quarto antes de sair. Por sorte o elevador estava vazio, o que a ajudou a chegar no saguão em poucos segundos. Olhou no relógio do celular. Treze minutos. Fez uma careta ao ver Zac se aproximando acompanhado por Ian.
-O que foi? –Ele perguntou.
-Nada.
-Vanessa...
-Praticamente nem me molhei debaixo do chuveiro pra economizar tempo pra tentar tomar café, mas mesmo assim não sobrou tempo.
-Você está com muita fome? –Z perguntou e ela não soube decifrar o que se passava pela cabeça dele.
-Estou, não comi nada desde a noite passada, mas eu sei que não vai da tempo.
-A gente espera. –Ele disse surpreendendo tanto Ian como Vanessa.
-Tem certeza? –Ela perguntou estranhando. Zac fazia tudo bem planejado e ela tinha a certeza de que esperar ela comer não estava nos planos dele.
-É o que você quer, não é?
-Mas se isso for te atrapalhar...
-Vamos logo. –Disse a puxando para seus braços enquanto a guiava até o restaurante que ficava na frente do hotel em que estavam hospedados. V somente olhou para Ian que estava tão confuso quanto ela.
-Você está de bom humor. –Ela comentou meio sufocada com o abraço apertado que estava recebendo. –Aconteceu algo?
-Nada de diferente. –Respondeu naturalmente.
-Ham.
-Eu vou dar uma voltinha. –Ian disse.
-Não demore. –Zac ordenou e ele apenas assentiu antes de se retirar. Zac a levou até uma mesa que ficava no fundo do estabelecimento e eles se sentaram.
-Tem certeza que não aconteceu nada de diferente?
-Porquê está me perguntando isso? Eu sou tão mal humorado assim?
-Sim, é. Principalmente de manhã. O que houve?
-Nada. Apenas acordei de bom humor.
-Hm.
-É sério.
-Você deveria acordar assim mais vezes.
-Engraçadinha. –Disse chamando a garçonete para anotar os pedidos.
-Não vai me contar o que houve? –V perguntou assim que ficaram sozinhos.
-Nada, Vanessa.
-E por que você está tão bem humorado?
-Só estou feliz por nós estarmos aqui. As coisas parecem estar tomando o seu rumo correto.
-Que bom.
-E seus amigos? Já ligaram pra você?
-Gabriela me mandou uma mensagem de madrugada e demorei para dormir novamente, por isso não queria acordar. Falando nisso, onde você estava as três da manhã? Você não estava no quarto quando eu acordei.
-Tive que tirar os equipamentos do prédio juntamente com o Ian. Alguém ouviu algo que não devia e a segurança estava procurando os armamentos.
-Achei que eles sabiam que vocês eram agentes.
-Que nós somos agentes. –Corrigiu-a.
-Dá no mesmo. –Disse revirando os olhos. –Eles não sabem?
-Saber eles sabem, mas por questão de segurança eles proíbem qualquer tipo de armas.
-Mas como vocês não são bobos de andar por aí sem proteção...
-Exatamente. –Disse antes de tirar um envelope do bolço da jaqueta.
-O que é isso?
-Isso é a sua ficha e todos os seus documentos que serão válidos. A partir de hoje você é Anne Efron.
-Como é que é?
-Você precisa ser mais vaga do que que uma sombra para Flecher. A Vanessa Hudgens que ele tanto procura está nos EUA estagiando como auxiliar administrativa. Já a Anne Efron é a agente do FBI.
-Vou ser uma farsa?
-Não é uma farsa. Você continuará sendo a Vanessa Hudgens, mas atuará como Anne Efron. Digamos que é a sua identidade do FBI.
-E por que Anne? Por que não posso continuar como Vanessa?
-Por que é obvio demais uma "Vanessa" sendo parceira do Agente Efron. Anne é o seu nome do meio e não é tão obvio como o primeiro nome.
-E por que Efron? Vou ser sua parceira no FBI ou na vida pessoal? Sou sua mulher ou o que?
-Você será minha prima ou irmã. Você quem escolhe. Ainda falta a sua assinatura para os documentos serem "oficiais" e precisamos escolher o grau de parentesco.
-Prima não. Acho isso muito bleh.
-Irmãos então?
-Pode ser.
-Faz mais sentido. Se formos irmãos, vamos poder ficar o tempo que for juntos sem nenhuma malícia nos olhares dos que veem de fora.
-Certo. Mas você vai continuar a me chamar de Vanessa, certo?
-Sim, até de Hudgens se você quiser. A sua falsa identidade é só para os novatos do FBI e para a sua vida fora do trabalho.
-E a Vanessa Hudgens que atua como auxiliar administrativa será um fantasma?
-Não. Já estamos cuidando disso.
-Como assim?
-Estamos procurando uma sósia para te substituir até o tempo que precisarmos.
-E isso é seguro?
-Sim, é. Utilizamos novos funcionários nesses trabalhos. É tipo um teste para os interessados em trabalhar para o governo.
-Entendi.
-Ham, você tem algo contra pintar o cabelo ou cortar?
-Sim, tenho, por isso nem pense nessas coisas. Meu cabelo é virgem e continuará sendo até a minha morte.
-E cortar?
-Também não. Minha mãe costumava cortar o meu cabelo e somente ela.
-Sim, eu sei que você não corta o seu cabelo há anos, mas você não poderia tentar?
-Não.
-Tudo bem. Que irmã birrenta que eu fui arranjar. –Disse revirando os olhos.
-Engraçadinho.
-Você tem que começar a se acostumar com isso. Vou fazer alguns testes com você.
-Tudo bem. –A garçonete voltou com os pedidos e logo se retirou.
-Você poderia ao menos...
-Não. –Ela interrompeu-o. Não deixaria ninguém tocar no cabelo dela.
-Vamos ter que procurar perucas então.
-Você quem sabe. –Disse dando de ombros. Tomaram o café da manhã quase almoço em silêncio.
[...]
-Veste esse. –Zac disse entregando-lhe outra muda de roupa.
-Não acha que já temos roupas suficientes?
-Não, não acho. Essas roupas por mais duradouras que sejam, se sujam com facilidade. O seu treinamento vai fazer você suar muito e você usará um conjunto por dia, talvez dois.
-E qual o problema de lavar?
-Você vai lavar?
-Porquê eu? Não tem quem faça isso no FBI?
-Não, não tem. O FBI existe para cuidar dos interesses do país e não das roupas sujas dos preguiçosos.
-Eu não sou preguiçosa.
-Então você vai lavar as suas roupas?
-Sim, vou. Nos fins de semana, talvez.
-Isso quer dizer que você usará 7 ou 14 conjuntos por semana. Por via das dúvidas, é melhor levar 20.
-Eu não vou nem discutir, sei que você não vai mudar de ideia mesmo. –Disse pegando o conjunto das mãos dele. –Uma dúvida: Quem é que lava as suas roupas?
-Eu mando pra uma lavanderia.
-Que lavanderia?
-Uma indicada pelo FBI. –Disse sem jeito.
-Indicada? –Perguntou arqueando uma sobrancelha.
-Uma do FBI. –Falou encolhendo os ombros.
-Que bonito, hein? –Disse batendo nele com a roupa. –E porque eu que tenho que lavar as minhas?
-Por que você é iniciante. Já acham que eu pego leve demais com você, imagine se descobrirem que te livrei de lavar a própria roupa?
-Você pegando leve demais comigo? Que tipo de monstro é você?
-Escute aqui, mocinha, eu pego leve sim com você. Se eu seguisse as normas, você só entraria no FBI depois de passar por um treinamento longo e intensivo.
-E porque você não permitiu isso?
-Você já não queria fazer parte sem nenhum treinamento, imagine se tivesse que fazer um. Usaria como desculpa.
-Eu?
-Sim, você. Eu te conheço.
-É, quem sabe. Vou logo experimentar isso, mas não pense que esse assunto de lavar roupas acabou, hein? –Disse antes de entrar no provador, fazendo-o rir.
[...]
-Estou tão cansada. –Ela disse entrando no quarto e largando as duas sacolas que carregava no chão.
-Você está cansada? –Ian disse largando duas dezenas de sacolas no chão. –Tem certeza?
-Vocês só carregaram, eu que tive que tirar e por roupa o dia inteiro.
-Grande coisa. Vocês mulheres adoram essas coisas.
-Cala a boca, Ian. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
-Ah, não?
-Não. Eu fui obrigada a ir fazer essas compras.
-Pois eu fui obrigado a carregar.
-Calem a boca os dois. –Zac ordenou. –Quem está com o mais pesado sou eu. –Ele entrando no quarto com algumas caixas nos braços o que fazia suas veias saltarem.
-A ideia foi sua, nada mais justo. –Ian disse recebendo olhares zangados dos dois. –O que? Você também está do lado dele, Vanessa? Ah, claro. Você só carregou duas sacolas.
-São as mais importantes.
-Grande importância a sua lingerie nova.
-Ian! –Zac exclamou.
-O que? Ah, entendi. Que falha a minha. É assunto pessoal do casal.
-Ian! –Dessa vez, Vanessa quem exclamou. –Já disse que nós não somos um casal.
-Pois não parece. Até vão usar o mesmo sobrenome.
-Como irmãos.
-Irmãos, sei. É até um pecado vocês se considerarem irmãos sendo que fazem certas coisas.
-Dormimos juntos, mas somente isso. –Zac afirmou.
-"Dormimos juntos, mas somente isso." Nossa, como vocês são engraçadinhos.
-Eu não vou ficar discutindo com você. Estou cansada. Se você quer ficar de piadinha, fique, mas eu não sou obrigada a ouvir. –Vanessa disse antes de se trancar no banheiro.
-Ei. –Zac tentou chamá-la. –Belo trabalho, Ian. Ela vai tomar banho e se trocar para dormir.
-E dai?
-E dai que nós temos um evento hoje a noite, esqueceu? Tenho que apresentá-la oficialmente como Agente Hudgens.
-Mas não era Efron?
-Para os novatos será Efron, para os que conheceram o Gregory, será Hudgens.
-Quem foi que decidiu isso?
-Eu.
-Você se lembra que o protetor dela sou eu, certo?
-Sim, eu me lembro, mas vai por mim: estou te fazendo um favor.
-Ela não é tão difícil de se lidar assim.
-Isso é o que você pensa. Você não aguentaria passar uma noite com ela. Literalmente.
-Podemos fazer um teste. Já que sou eu que vou ser apresentado como protetor dela, vou levá-la ao jantar e ficarei com ela até o término da noite, melhor: até amanhã.
-Você tem certeza disso?
-Sim, eu tenho.
-Boa sorte. Aproveite sua disposição e avise há ela sobre o jantar e convença-a a ir. –Ele disse pegando uma mochila que estava no canto do quarto.
-Ei, aonde você vai?
-Vou para o meu apartamento me aprontar para o evento. Não quero nem estar por perto quando você for dar a notícia há ela. Boa sorte. –Disse saindo.
-Ei, não. Você tem que ficar. –Ian disse indo atrás dele.
-De jeito nenhum.
-Eu estava com você quando ela ficou sabendo daquela notícia.
-Por que você quis e eu nem precisei da sua ajuda. Ah, se serve de consolo, fala pra ela que eu vou estar lá esperando-a. –Disse entrando no elevador.
-Mas...
-Até logo, Agente Somerhalder.
-Oh, merda! –Ian disse socando o ar.
[...]
-Vanessa, que linda que você é. –Ian disse assim que ela saiu do banheiro.
-O que você está fazendo aqui? –Ela disse desconfiada. –Cadê o Zac?
-O Zac teve que ir para o apartamento dele.
-Porquê?
-Digamos que surgiu um compromisso de última hora e ele não podia esperar você sair do banho.
-E quando ele volta?
-Na verdade, nós vamos até ele. –Disse sorrindo.
-Daqui eu não saio.
-Vanessa...
-Eu não vou sair. Não estou com disposição pra isso.
-Mas o Zac mandou eu te levar.
-Mandou, é?
-Pare de gracinhas, você me entendeu. Vamos, se apronte.
-Não vou sair. Se me der licença, eu tenho que me trocar para dormir.
-Só te dou licença se você vestir essa roupinha aqui. –Disse entregando uma sacola pra ela. –É um jantar bobo do FBI. Só acontece duas vezes por ano e essa é a segunda vez, não se preocupe.
-Ano que vem eu vou, então. –Disse sorrindo e largando a sacola no chão.
-Vanessa!
-Ian! –Imitou o tom de voz dele. –Já disse: Daqui eu não saio.
-Mas o Zac...
-Quando acabar esse jantar ele volta.
-Não, ele não volta.
-Como é?
-Digamos que nós fizemos uma troca.
-Que troca? –V disse arqueando a sobrancelha desconfiada. Coisa boa não devia ser.
-Ele para de se meter nas decisões que só cabem a mim e eu passo uma noite com você para provar que eu posso sim cuidar de você.
-Você é maluco? Quem foi que disse que você pode cuidar de mim? Você não se aguenta em pé, Ian. Mais que diabos. Como assim "passar uma noite com você"? Nessa cama você não dorme. Melhor: Nesse quarto você não dorme. Pode ligar pro Zac e dizer que se arrependeu. Eu não fico sozinha com você nem morta.
-Mais respeito, mocinha. Eu sou o seu guardião e se eu me lembro bem, foi a senhorita mesmo que me escolheu para tal cargo.
-Não, eu não te escolhi para ser meu guardião. Eu te escolhi para levar o crédito, somente isso, por que quem cuida de mim é o Zac.
-Isso era antes. Agora eu vou cuidar de você.
-Não me faça rir. Desde quando você leva jeito para ser babar? Não foi isso o que você disse quando soube da minha proposta? "Sou um agente e não uma babá".
-Quem foi que te disse isso? Ah, já sei. O Zac, é obvio. Que fofoqueiro!
-Não, não foi o Zac. Foi a Nina.
-Mas o que? Como? Não é possível.
-Digamos que ela estava bêbada e zangada por que você aceitou ser meu guardião e como vocês tinham brigado, ela me ligou e confessou tudo. Mas não fique pensando que eu estou magoada, muito pelo contrário, estou feliz. Não pense que quero algo de você. Só o seu nome. E depois eu que tenho um caso com o Zac. –Vanessa disse dando as costas para Ian. –Saia.
-Só saio daqui com você pronta para o jantar.
-Eu vou me vestir. –Ela disse revirando os olhos.
-Sério?
-Como é que o meu guardião não sabe quando eu falo a verdade? –Ironizou. –É, sério.
-Não acredito em você.
-Problema seu, pode ir saindo daqui.
-Vanessa...
-Liga pro Zac e conta tudo o que aconteceu e ele vai te dizer se eu falo a verdade ou não. Agora, fora. –Apontou para a porta e ele não teve outra opção há não ser obedecer.Ligou para Zac e contou todo o ocorrido dos últimos minutos.
-Você NÃO saiu do quarto! –Zac exclamou alto fazendo todos os agentes que estavam ao seu redor escutar.
-Sim, eu saí.
-Você é deficiente mental por acaso? Como você, um Agente Sênior, deixou ser enganado por uma Agente iniciante?
-Ela me garantiu que iria se vestir.
-Mas é obvio que ela vai se vestir, ela não dorme nua, seu inútil. Ela vai se vestir pra dormir e não pra vim para a festa.
-Ela não faria isso comigo.
-Você realmente não conhece a peste. Me diz: Há quanto tempo essa conversa aconteceu?
-Quinze minutos.
-E você ainda acha que ela está se aprontando para a festa e não no terceiro sono?
-Mulheres demoram para se vestir.
-Mulheres, não a Vanessa. Essa dai se apronta mais rápido que nós dois juntos. Ela já deve estar sonhando. Como você é babaca. E agora com que cara eu vou dizer que você deixou a pessoa mais esperada da festa dormir?
-Ela não está dormindo.
-Tenta abrir a porta. –Ian fez o ordenado. –Está trancada, não está?
-Sim, e dai?
-E dai que você vai ter que da um jeito de arrombar essa porta e trazer a Vanessa pra cá nem que seja de pijama. Não, de pijama não. Ela só dorme de calcinha e blusa, quando usa calcinha, né. –Zac disse pensando alto.
-Eu não sou obrigado a ficar imaginando o porque da Vanessa dormir sem calcinha, Zac.
-Certo, eu acho que já sei o que fazer. –Zac disse ignorando o comentário de Ian. –Você vai te que esperar mais uns minutinhos. Você já está pronto?
-Sim, estou.
-Certo. Te vejo daqui a pouco. –E encerrou a chamada.
[...]
-Boa noite. –A recepcionista ruiva os cumprimentou. –Identificação, por favor.
-Somerhalder e Hudgens. –Ian disse sorridente.
-Oh, a senhorita Hudgens? É um prazer conhece-la. –A ruiva de no máximo trinta anos puxou Vanessa para uma abraço a assustando. –Sejam bem vindos. –Disse dando passagem e falando algo para o ponto que ela usava.
-Nossa, quanta animação com uma desconhecida, hein? –Vanessa disse para Ian.
-E olhe que nós acabamos de chegar.
-Adorei a decoração do "jantar bobo". Vou te matar depois. –Vanessa disse entredentes enquanto sorria para os desconhecidos que a cumprimentavam.
-Você está arrumada, por favor.
-Não se comparada há recepcionista. Até a toalha de mesa é melhor do que isso que eu estou usando.
-"Isso" vale mais do que três salários seus.
-Esse pedaço de pano?
-Sim. Se achou feio, discuta com o seu queridinho Zac. Foi ele quem escolheu. –Ian disse a guiando até o Agente Smith. –Agente Smith, há quanto tempo.
-Agente Somerhalder. –Disse apertando a mão que Ian lhe estendia. –Fico feliz em saber que essa parceria está dando certo. –Disse olhando para Vanessa.
-O senhor não faz ideia. –Ian disse recebendo beliscões discretos de V.
-Espero que aquela adoração pelo Agente Efron tenha passado, senhorita Hudgens.
-Falando nele, o senhor o viu? –Ela perguntou olhando em volta.
-Acho que me enganei.
-Está tudo sob controle, Agente Smith. Não se preocupe. –Ian assegurou-lhe. –A Vanessa sabe que se essa ideia dela fracassar, ela voltará para a proteção do Agente Walter.
-Como é? –Ela disse focando sua atenção na conversa.
-É exatamente isso.
-Quem foi o idiota que decidiu isso?
-Vanessa!
-Fui eu quem decidi, senhorita. –O Agente Smith disse.
-Eu achei que com essa história de ser agente, não seria necessário um guardião.
-Achou errado.
-Vocês sabem que não podem me obrigar a fazer algo que eu não queria, certo?
-Na verdade nós podemos, somos o FBI. –Smith disse antes de sorrir acompanhado de Ian e dos que fazia parte da rodinha.
-Que se danem. –Vanessa disse se desprendendo dos braços de Ian enquanto pisava firme sem tirar os olhos do seu alvo. –Que história é essa de que o meu futuro está nas mãos do Ian? –Ela questionou dando um tapa em Z fazendo-o derrubar um pouco do Whisky que estava em seu copo. –Porquê você não me disse isso antes? Hein? –Outro tapa e logo o salão ficou em silêncio.
-Vanessa... –Zac disse zangado.
-Nem me venha com isso. Você não tem motivos para se zangar, já eu sim. Vocês pensam que tem o controle da minha vida como se eu fosse um objeto. Eu sou um ser humano com vontades e gostos, já deixei isso bem claro.
-Quem foi que disse o contrário?
-Não preciso que alguém diga. As atitudes de vocês falam por si só.
-Você está atraindo uma platéia. Vamos conversar lá fora.
-Não, não vou lá pra fora. Se eu tiver que atravessar aquela porta, vai ser para não voltar.
-Pare de fazer escândalo e me obedeça.
-Eu já disse: Se eu sair, não volto.
-Vanessa!
-Zac!
-Chega, os dois. –Ian disse se aproximando e agarrando-a pelo braço. –Você vai pedir desculpas para o Agente Smith agora e nada de dar o seu show.
-Você não tem moral comigo então faça o favor de me largar.
-Vanessa, você não vai fazer comigo o mesmo que faz com o Agente Efron.
-Ian, me poupe, viu? –Disse se desprendendo do aperto dele. –Não vou me desculpar. Não tenho motivos para isso.
-Você os mandou se danar!
-Vanessa, você não fez isso. –Zac implorou com os olhos.
-Sim, eu fiz e dai? Isso também incluiu você.
-Agora chega! –O Agente Walter exclamou chamando a atenção de todos. –Alguém controla essa menina ou eu mesmo o farei.
-Você nem se atreva. –Vanessa disse.
-Vanessa, chega. Vamos para casa agora. –Ian disse e Zac começou a rir. –Do que você está rindo?
-Você disse o que ela queria ouvir. –Ele disse tomando a frente de Ian e puxando Vanessa para o seu lado. –Ela não queria vim e todo esse teatro aconteceu não só por causa da TPM, e sim, por que além de estar cansada, hoje tem reprise dos Simpsons. –Finalizou olhando pra V e negando com a cabeça. –Você é uma peste mesmo.
-Podemos ir agora? –Ela perguntou docemente.
-De maneira alguma. –Z respondeu antes de voltar a sua atenção para os outros agentes. –Isso tudo foi somente por que essa criaturinha quer dormir enquanto assiste TV. Vocês imaginam o que ela é capaz de fazer quando quer algo? Eu não, e isso só prova que ela é realmente uma Hudgens. Muitos de vocês devem se lembrar que o Gregory era do mesmo jeito. Dava seus shows quando estava insatisfeito com algo e sempre conseguia o que queria... –Sorriu com as lembranças. –e é por isso mesmo que ela é pessoa mais do que certa para atuar com o sobrenome que lhe pertence. Senhoras e senhores, lhes apresento oficialmente a Agente Hudgens, nova integrante do FBI. –Disse dando a deixa para todos aplaudirem-na, fazendo-a corar.
-Zac, eu vou matar você. –Ela disse entredentes.
-Acredite em mim, quando antes, melhor. –Ele sussurrou de volta.
-Como assim?
-Apenas a primeira parte da festa começou.
-E o que terá de diferente na segunda?
-A chegada dos novos agentes ou aspirantes. Os que estão em período de teste, digamos assim.
-E eles vão chegar...?
-Daqui há algumas horas.
-Preciso ficar?
-Seria bom. Você precisa começar a utilizar a sua nova identidade. Isso fará você ganhar pontos com o Agente Smith.
-Só fico se você voltar comigo.
-Não posso.
-Mas porquê?
-Por que não. Fiz um acordo com Ian.
-Deveria ser proibido fazer acordos envolvendo terceiros sem a autorização dos mesmos.
-Quem sabe um dia? –Disse caminhando com ela de volta até Ian.
-E se eu infernizar o Ian pra ele me deixar ficar com você?
-Ele vai dizer que você fez isso por que eu pedi e vai falar que você faz somente o que eu quero e o Agente Smith vai falar merda e isso trará consequências. É melhor você agir naturalmente, já é o bastante.
-Engraçadinho.
-E bonito, não se esqueça.
-Se você está dizendo.
-Você não me acha bonito?
-Se você está dizendo.
-Você está me escutando? –Parou olhando pra ela. –Pare de olhar para o garçom.
-Mas...
-Vanessa!
-Ok, ok me desculpe. –Disse revirando os olhos.
-Que assanhamento é esse, hein? Você não era assim.
-Sabe o que é?
-Hm? –Se aproximou mais dela.
-É que você beija tão bem que me deixou... como que eu posso te dizer?
-Exitada?
-Não, seu animal. –Disse arregalando os olhos antes de ficar vermelha. –Não é essa a palavra.
-Mas é essa a sensação!
-Para, Efron. –Disse escondendo o rosto entre a camisa dele.
-O que? Foi você quem disse.
-Mas não é isso. Mas você entendeu, não foi?
-Sim, meus beijos te exitam. Mas o que isso tem a ver com seu assanhamento? –Disse cheirando o cabelo dela.
-Já que eu não posso te beijar mais eu quero arranjar uma outra pessoa para poder fazer, entendeu?
-Fazer o que, hein?
-Zac, pode parar de maliciar tudo. Para poder beijar, entendeu? B-e-i-j-a-r.
-Beijar, sei. E quem foi que disse que não podemos mais nos beijar?
-E por acaso nós podemos? –Perguntou ainda sem tirar o rosto do peitoral dele.
-Sim, podemos. Não vejo nada de mais nisso. Você também beija bem, eu já te falei isso.
-Podemos nos beijar aqui?
-Não sei se seria uma boa ideia, mas sim, nós podemos. –Disse erguendo a cabeça dela. –Você bebeu?
-Eu? Não.
-Tem certeza?
-Eu já sei aonde você quer chegar. Não, eu não bebi e tenho certeza disso. Se não quer ficar comigo, não fique. Não estou mendigando beijos.
-Não precisa ser grosseira. Só perguntei por que você é sempre tão reservada nesses assuntos. –Disse voltando a caminhar com ela. –Aqui, todinha sua. –Disse a posicionando ao lado de Ian.
-Você não vai ficar com raiva de mim por isso, certo? –Ela perguntou puxando-o de volta.
-Foi você quem começou.
-Eu? Você quem perguntou se eu tinha bebido.
-Por quê você estava me assediando.
-Eu nem encostei em você.
-Me assediou com palavras.
-Você me fez uma pergunta e eu respondi, somente isso. Só cogitei a ideia de ficar com você por que você sugeriu. Nem para você eu estava olhando e sim para o garçom.
-Eu não sugeri nada. Somente te disse que nós poderíamos sim voltar a ficar.
-Dane-se você e sua sugestão. Não quero mais.
-Obrigado pelo favor, mocinha. Posso ir? –Indicou para o braço que ela segurava.
-Aproveite e vá para o inferno que é o seu lugar. –Disse soltando-o. Ele bufou e entrou no meio da multidão.
-O que foi isso? –Ian perguntou assustando.
-Não te interessa.
-Você me respeite, mocinha. Já te falei que você não vai fazer comigo o mesmo que faz com o Agente Efron.
-Ian, vai pro inferno você também. Maldita a hora que você me arrastou pra esse maldito lugar. Eu quero voltar para o hotel.
-Sinto muito, mas eu não vou te levar.
-Pois muito bem, não preciso de você. Tenho duas pernas e dinheiro pro táxi. Com licença. –Vanessa disse passando por ele.
-Ei, você não vai. Nós acabamos de chegar. –Disse se posicionando na frente dela.
-E eu estou indo embora.
-Você não vai. –Repetiu.
-Eu não preciso da sua autorização. Sou maior de idade, então se me der licença...
-Pois não vou lhe dar licença alguma. Nós dois vamos ficar e nada de tentar ir embora. Eu sou o seu superior e você vai me obedecer.
-Qual parte do "você não tem moral comigo" que você não entende?
-Qual parte do "você não vai fazer comigo o mesmo que faz com o Agente Efron" que você não entende? Você vai ficar e vai ficar comigo sem nem pensar em reclamar e ai de você se me desobedecer.
-Vai me bater por acaso?
-Se for preciso, sim.
-Você não teria coragem.
-Não me confunda com o Efron. Na verdade, não entendi até agora o por que de ele não ter te batido. Você não seria a primeira.
-Pois saiba que nem você e nem ele me intimidam. –Disse, mas no fundo sentiu medo. Não pela ameaça de Ian, claro. Sabia que por mais errada que ela estivesse, Zac jamais permitiria que Ian tocasse nela sem receber o troco. Porém ela conhecia Zac e sabia que ele poderia sim bater nela, até a havia ameaçado algumas vezes. Suspeitava que ele só não o tinha feito pela memória de seu pai, mas até quando isso duraria? Ele já a havia deixado com alguns hematomas roxos quando se conheceram com apenas um simples aperto. –Espera, como assim "você não seria a primeira"?
-Você não seria a primeira em quem ele bate.
-Não acredito. Ele é um cavalheiro.
-Quem foi que disse? Não se iluda. Você sabe que ele pode ser tudo, menos um cavalheiro.
-Dane-se, eu não me importo.
-Sim, você se importa, mas eu não me importo com isso e sim com a minha reputação. Venha, vamos nos sentar. Já vão servir o jantar.
-Mas...
-Mas nada. Você não vai e ponto final. –Disse a puxando para o centro do salão aonde haviam mesas espalhadas. Ela apenas revirou os olhos e fechou a cara. –Senhores. –Ele disse cumprimentando os agentes que já estavam sentados. Ela reconheceu dois deles: Walter e Smith. Ian se sentou e ela ficou olhando para ele. –O que? Puxe uma cadeira e se sente, você não está aleijada. –Ela fez o que ele disse e cruzou os braços. –Nada de mal humor perto de mim.
-Você pode até me obrigar a ficar nesse inferno, mas não queria mandar no meu humor.
-Vanessa...
-Não me ameace. Não sou tão ingenua quanto pareço e posso meter o tapa na sua cara a qualquer momento, por isso, não force. –Ian apenas deu de ombros e iniciou uma conversa que ela tratou de não prestar atenção. Meteu a mão de baixo do vestido onde tinha escondido o celular e foi ler seus emails.
-Eu disse para você deixar seu celular em casa. –Ela fingiu não o ouvir. –Aonde você escondeu o celular?
-Naquele trocinho de colocar celular que o Zac me deu.
-Aquilo é pra guardar arma. –Ian disse revirando os olhos pela falta de conhecimento que ela tinha.
-"But I don't even hear..." –Cantarolou um trecho de Criminal sem tirar os olhos do celular.
-Olha aqui...
-"I don't care". –Continuou
-Você não vai mudar, não é?
-Não.
-Senhorita Hudgens? –O Agente Walter chamou-lhe, fazendo-a olhar para ele. –A senhorita não quer ficar aqui, certo?
-Não.
-Se eu ainda fosse o seu guardião, eu até a levaria para casa, mas como não o sou...
-Não minta. Você teria o prazer de me deixar aqui até quando não pudesse mais.
-Você me conhece muito mal.
-Muito bem. –Corrigiu-o voltando sua atenção para o aparelho que tinha nas mãos.
-É uma pena que você tenha ideias tão erradas sobre mim. –Ele disse e ela apenas ignorou. O prato de entrada logo foi servido e Vanessa nem sequer o olhou para vê o que tinha nele. O mesmo aconteceu com o prato principal.
-A senhorita vai querer a sobremesa? –O garçom perguntou para Vanessa.
-O que é a sobremesa?
-Bienenstich. –Ele disse no seu alemão arranhado.
-Ah não, muito obrigada. Não gosto muito das sobremesas alemãs. –Disse voltando a olhar para a tela do celular.
-Mais vinho?
-Oui. –Respondeu sem olhá-lo. O garçom encheu a taça dela e se retirou.
-Você deveria comer algo. Beber tanto de estômago vazio pode te fazer mal. –Ian disse.
-Ainda mais um vinho tão fino como esse. –Um dos agentes que estava na mesa disse com desdém. –Seu estômago pode estranhar.
-Aprecio a sua preocupação, mas vou dispensá-la. Meu estômago está mais do que acostumado com o bom e velho vinho Beaujolais. –V disse experimentando um pouco. –Claro que esse nem se compara com os que são servidos na França as margens do Rio Siena, mas ainda assim está ótimo. –Disse sorrindo falsamente.
-Se você diz.
-Pode acreditar. –Disse controlando-se para não revirar os olhos. Estava dando mais um gole no seu vinho quando sentiu o impacto na sua cadeira, fazendo-a se sujar. –Seu idiota. –Disse vendo Zac.
-Eu já estou indo, Agente Smith. –Z disse ignorando a presença dela.
-Aconteceu algo?
-Nada com que deva se preocupar. Só preciso adiantar alguns projetos.
-Certo. Pode ir.
-Com licença, senhores. –Disse enfatizando bem a frase "senhores" o que fez Vanessa bufar.
-Já vai pro inferno? Pois vai tarde.
-Vanessa, não comece.
-Não comece você.
-Garota, não estou com paciência pra você agora.
-E eu muito menos. Com licença, senhores. –Disse se levantando.
-Aonde você vai? –Ian perguntou.
-Esse animal me sujou toda. Preciso me limpar. –Disse dando-lhe as costas e ouvindo um "nada de fugir".
-Animal é você sua anã. –Zac disse a puxando pelo braço.
-Antes anã do que bipolar.
-Bipolar? Eu? Não me confunda com você.
-Você que fala uma coisa e depois repete me atacando e eu que sou a bipolar?
-Eu não tenho tempo pra você, Vanessa.
-Você fala como se eu que tivesse ido atrás de você. Quem é que está sendo segurado aqui? –Disse insinuando para o próprio braço que estava sendo apertado. –Me solte.
-Porque você é assim?
-Por que sim, agora me solte.
-Eu realmente tento ter um bom relacionamento com você e até funciona na maioria das vezes.
-Me largue.
-Calada. –Disse puxando-a escadas acima. Ela pensou em pestanejar, mas sabia que seria pior. Zac a guiou por um corredor e abriu a terceira porta a direita antes de empurrar Vanessa dentro do cômodo. Ela olhou em volta e viu que estavam em um banheiro parecido com o do hotel em que estavam hospedados. Zac entregou alguns lenços umedecidos para ela e apontou para o vestido. –Limpe-se, não quero você com desculpas para ir embora mais cedo.
-Como se você se importasse.
-Eu me importo.
-Claro que sim. –Disse irônica. –Você está indo embora por que quer.
-Tenho trabalho para fazer.
-Que deve ser executado no mínimo em duas semanas.
-Três.
-Está vendo?
-Limpe-se. –Ordenou.
-Você que me sujou, você que me limpe. –Disse largando os lenços.
-Porque Gregory? –Zac disse alto como se fosse obter respostas. Pegou os lenços que ela tinha largado e começou a passá-los em cima da mancha. –Quando me disseram que no FBI se fazia de tudo, não mentiram.
-Nada mais justo.
-Calada que eu não estou falando com você.
-Está falando com quem, então?
-Sozinho, Vanessa, so-zi-nho! –Exclamou jogando os lenços no lixo. –Algo mais, senhorita?
-Sim, me carregue.
-Engraçadinha. –Disse abrindo a porta e dando passagem pra ela. Quando chegaram nos primeiros degraus ela começou a rir. –Do que a peste bêbada está rindo, posso saber?
-Eu não estou bêbada, eu estou um pouco tonta.
-Um pouco tonta, certo. Do que a peste um pouco tonta está rindo?
-Da conversa que tivemos hoje á tarde.
-Que conversa?
-Sobre você não lavar as suas roupas. –Sorriu.
-E?
-E dai que você sendo machista como é não se importou ou não percebeu que estava a limpar a minha roupa.
-Está vendo o que você faz comigo?
-Eu não faço nada.
-Ah, faz sim. Você mexe tanto comigo a ponto de me fazer limpar até a sua roupa.
-É a minha beleza.
-Se você soubesse...
-Soubesse o que?
-Soubesse que a sua infantilidade me irrita. –Disse descendo as escadas.
-Achei que a minha inocência te encanta-se.
-Inocência não tem nada a ver com infantilidade.
-Mas uma coisa puxa a outra. –Disse puxando-o. –Fica, por favor. Estou muito sozinha aqui.
-Mas...
-Por favor! –Disse se aproximando aos poucos dele a ponto de quase colarem os lábios. –Por mim.
-E o que eu ganho em troca?
-O que você quer?
-O que eu quero? –Perguntou depois de da um sorriso triste. –Quero ir embora.
-Me leva, então.
-Mas eu fiz um acordo...
-O acordo foi uma estupidez, não negue. O Ian só fez isso de birra e agora está me testando enquanto me deixa de lado. Se eu ficar só vai piorar a situação, por que eu não vou me segurar e você sabe disso.
-Vanessa, eu não posso te levar.
-Então fica comigo, por favor. –Disse dando um selinho nele. –Juro que não vai doer.
-Mas você vai chorar.
-Porquê?
-Não importa agora, mas eu não quero presenciar isso por que vai doer em mim.
-Mas...
-Eu não posso adiantar muita coisa, mas envolve o seu pai.
-Como assim?
-Ele deixou um vídeo para você, vários na verdade, mas somente um vai ser passado no telão. É uma surpresa.
-Quando foi gravado?
-Na noite da morte dele. É um último adeus, na verdade. Ele sempre gravava vídeos para você antes de alguma missão perigosa, mas nesse, pelo que ouvi falar, é a última despedida, como se ele soubesse que não voltaria.
-Você não viu?
-Não, ainda não. Me lembro muito pouco daquela noite, mas parece que apareço de relance.
-Certo. –Disse depois de respirar fundo. –Você vai me deixar passar por isso sozinha? E se tiver algo para você?
-Vanessa...
-Prometo que não vou chorar. Fica comigo, vai. –Deu um beijo mais aprofundado nele.
-Ok.
-Ok?
-Ok.
-Obrigada. –Disse dando um selinho rápido nele e terminaram de descer as escadas.
-Que bonito, hein? –Walter disse sorrindo sarcasticamente. –O beijo foi bom?
-Nós vamos dar uma volta. –Vanessa disse para Ian ignorando o comentário.
-Acho melhor não. –Disse se levantando. –Já vamos começar. Você já pode ir. –Tentou puxar Vanessa para o seu lado, mas ela voltou para o lado de Z. –Vanessa?!
-Não sou obrigada a ficar do seu lado, até por que você só me ignorou a noite inteira. Prefiro ficar com o Zac. –V disse se agarrando no Zac.
-Mas ele já vai embora.
-Mudei de ideia. –Zac disse levando Vanessa para perto do telão. –Na primeira lágrima que você derramar, eu me retiro. –Ele disse para a morena.
-Eu já disse que não vou chorar.
-Espero. –Disse tentando se afastar.
-Ei.
-O Ian está me olhando e como eu já disse, se você chorar eu vou sair. Prefiro ficar perto da porta.
-Você realmente acha que eu vou chorar, não é?
-Todos aqui acham isso.
-Pois eu não vou chorar. –Disse convicta. Agora era uma questão de honra. Ela odiava ser tão previsível e se todos pensavam que ela era chorona por ser mulher, iam se arrepender. Zac lhe deu um beijo na testa e se afastou. As luzes se apagaram e um rosto apareceu no telão, fazendo ela engolir em seco. Após uma rápida analise, ela pode notar que aquele estranho tinha uns traços parecidos com os dela. Depois de pigarrear e olhar em volta, o estranho começou.
-Ahn, oi Vanessa. Se você estiver vendo isso é por que o que a sua mãe mais temia, aconteceu. Eu espero que você não veja esse vídeo tão cedo, mas se você ver... –O estranho engoliu em seco. –Antes de tudo, eu queria que você soubesse que eu sempre acompanhei todos os seus passos e sempre vou acompanhar. Estou muito orgulhoso da mulher que você se tornou e das escolhas que você tomou. Sua mãe te educou muito bem, melhor do que eu faria. Eu sei que eu tenho algumas pendencias com você, mas saiba que tudo o que eu fiz foi pensando no melhor para você e espero que um dia você me perdoe por esse "abandono". –Disse fazendo aspas no ar com os dedos. –Eu acompanhei seu crescimento e seu amadurecimento. Você ainda é jovem, mas é tão madura e responsável e eu me orgulho muito de você e tenho certeza de que a sua mãe também. Eu queria te dizer... –O som de uma porta sendo aperta ecoou pelo vídeo. –Mas que milagre é esse? Não são nem dez horas e você já está de volta? O que houve? –Greg perguntou sorrindo e logo Zac apareceu.
-Nada, apenas vim me preparar para a missão. –Z disse tirando a camisa.
-Esse nada aí me saiu muito falso.
-Está fazendo seu vídeo? –Z perguntou ignorando o comentário do amigo.
-Sim, e você está atrapalhando.
-Claro, vou tirar todo o foco dela com a minha beleza, ui. –Gargalharam e Vanessa olhou Zac pelo canto do olho e viu o seu rosto endurecer. –Bonitinha a sua filha, viu?
-Mas não é para o seu bico, então, se me der licença...
-Já estou indo, senhor. Pobre menina, vai morrer encalhada.
-Se Deus quiser. –Os dois riram e Zac entrou no que parecia ser um banheiro. –Esse é o meu parceiro, filha. Zachary Efron. Há essa altura vocês dois já devem ter se conhecido. Espero que você confie tanto nele como eu confio. Ele é um ótimo amigo e sempre me apoiou e também me ajudou a cuidar de você. Tem a cabeça fora do lugar como você já percebeu, mas também tem um humor que muitos gostariam de ter. O que mais me confortou nesses anos que passei longe de você foi a amizade dele. Considero-o um filho. –O estranho respirou fundo. –Nós vamos para uma missão muito perigosa daqui a algumas horas e não sei por que, mas algo que diz que devo tomar cuidado. Fico pensando que isso é apenas preocupação por que o Zachary anda meio avoado esses dias, mas... sei lá. É complicado, você sabe. És tão sensível em alguns assuntos como eu. Enfim, não quero tomar muito o seu tempo e nem quero que você veja o Zachary como ele veio ao mundo por culpa de alguma gracinha dele. Acredite: não tem nada de mais nesse garoto. Só os olhos azuis e...
-Estou ouvindo, hein. –Zac gritou do banheiro, fazendo Gregory sorrir.
-Estou mentido?
-Quer que eu vá aí?
-Eu acabo com você. –Mais risadas ecoaram pelo salão e Vanessa engoliu em seco novamente. A intimidade que havia entre os dois era invejável. –Bem, eu só quero que você saiba que eu te amo muito e que sempre estarei cuidando de você. Eu confio muito em você e sei que você tomará as decisões corretas. Não deixe que ninguém te obrigue a fazer algo que não queria...
-Principalmente garotos. –Zac gritou novamente.
-Exatamente. Nem amigos ou qualquer outra pessoa. Só você sabe o que é o melhor para você, lembre-se disso. É o que a sua mãe sempre me dizia e acredito que também dizia para você. Eu sei que você tem um gênio difícil, eu também tenho, mas isso não deverá ser desculpa para ser grosseira, viu? Só quando for necessário. Tente levar as coisas na esportiva, sorria mais, viva mais, ame mais...
-Ame quem preste. –Zac disse surgindo atrás de Greg.
-Acho bom você está vestido.
-Estou, mas acho que minha toalha vai cair.
-Um instante, filha. –A câmera foi desviada para a parede e somente risos foram ouvidos. Segundos depois, o rosto de Gregory aparece novamente no telão. –Continuando.
-Me soltaaaaaa. –Zac gritou as gargalhadas.
-Estou ocupado, com licença.
-Gregory, eu tenho que me aprontar.
-Será que eu vou precisar te amordaçar mesmo?
-Não, imagine. Continue: Vanessa, você só deve amar quem presta. Eu, por exemplo.
-Enfim, filha. Aproveite a vida e nunca se esqueça que somente a sua felicidade deve importar, aconteça o que acontecer. Eu amo você e gostaria de poder dizer isso pessoalmente, mas preciso matar esse garoto. Adeus. –Gregory disse derrubando a câmera e novamente somente risadas foram ouvidas. As luzes foram acesas, mas o vídeo continuou rodando.
-Cortem. –O Agente Smith ordenou.
-Não. –Vanessa ordenou. –Deixem rodar.
-Não vem nada depois, o vídeo foi cortado.
-Se não vem nada, deixem rodar.
-Mas.
-Apaguem as luzes novamente. –Obedeceram-na e somente vozes foram ouvidas.
-Não sei para que você fica fazendo vídeos. Nunca os envia. –A voz de Zac foi ouvida.
-Nunca se sabe.
-Relaxe, nós vamos nos dar bem. O plano é perfeito.
-Nada é perfeito.
-Certo, certo. Se está estressado, eu que não vou falar nada. –O vídeo foi acelerado e logo a luz do quarto foi apagada. Aceleraram mais o vídeo e a porta do cômodo foi aberta. Passos foram ouvidos e a câmera foi colocada no seu lugar e uma pessoa pigarreou.
-Ora, quem diria. Gregory ainda continua com essa mania besta de fazer vídeos para a filhinha. –Uma voz grave ecoou no escuro e Vanessa se arrepiou. A voz não lhe era estranha. –Pois bem, Vanessa. Se você está esperando a continuação desse vídeo como os dos outros, pode tirar o seu cavalinho da chuva. Seu pai está descansando em paz. –Uma risada foi ouvida e muito burburinhos foram ditos. –E se eu não me enganei, o amiguinho dele também. Ele não me importa muito, mas o seu pai... Ah, Gregory. Eu avisei a ele para não se meter comigo, mas ele insistiu em fazer o bem. Poderia muito bem ter me deixado sair do FBI sem toda aquela burocracia. Eu avisei, Vanessa, eu juro, mas ele não me ouviu e acabou assim. Morto. Mas o maldito nem na hora da morte me deixou em paz. Espero que o corte seja superficial, por que se não você vai receber o troco, minha bela jovem. Eu não gosto de matar logo, sabe? Prefiro fazer as vítimas sofrerem bastante pra depois acabar com o sofrimento delas e acredite que vai ser um prazer acabar com o último descendente dos Hudgens. –Vanessa tentava se lembrar de onde havia ouvido essa voz. –Ai meu ROSTO. –O dono da voz gritou e jogou algumas coisas que estavam na mesa no chão. –Maldito. –Disse indo acender a luz, ficando de costa para a câmera. Vanessa viu o sangue que tinha ficado no interruptor e engoliu em seco. –Quer saber? Superficial ou não, eu vou acabar com você. Essa dor tem que ser descontada. –O estranho se virou e Vanessa sentiu náuseas. Havia um corte enorme no rosto ensanguentado do estranho e ela logo o reconheceu. –Lembre-se de mim, Vanessa. Guarde bem o meu rosto, ou o que sobrou dele. Vou acabar com você. O FBI pode até tentar te proteger, cortar essa parte do vídeo ou o que seja, mas eu vou te encontrar e você vai lamentar esse dia. Lembre-se do Flecher!–Disse indo em direção ao computador e logo a filmagem foi encerrada. Ela engoliu em seco. Zac se aproximou e se assustou.
-Não chorou?
-Zac... Eu...
-Quem foi que colocou esse vídeo? Era o outro. –O Agente Smith disse subindo as escadas zangado.
-O que foi? –Zac perguntou.
-Eu... eu...
-Vanessa, você está me assustando.
-Eu conheço aquele cara. –Ela conseguiu dizer.
-Como?
-Ele já foi no café algumas vezes e até falou comigo uma noite dessas.
-Como assim, Vanessa? Porquê você nunca me disse isso?
-Eu não sabia que era ele. Ele estava sempre tão sujo e mal vestido que pensei que ele era um mendigo. O Fred lhe deu café uma vez, até.
-Vanessa, você tem ideia do perigo que correu?
-O pior não é isso. –Disse sentindo as lágrimas inundarem os seus olhos.
-O que pode ser pior do que isso?
-Ele estava no mesmo avião em que nós vinhemos. Eu te falei que tinha um cara que não me era estranho, lembra? E ele estava naquele café em que nós fomos ontem. Eu vi ele e ele até sorriu para mim, mas você não quis olhá-lo. Eu estou com medo, Zac.
-O plano falhou, novamente. Flecher sabe que a Vanessa está andando conosco. –Ian disse para o agente Smith que se aproximava.
-Como?
-Ela o reconheceu em alguns lugares.
-Eu quero ir embora. –Vanessa pediu abraçando Zac.
-Ian...
-O acordo foi feito. Sinto muito, mas foi ela quem quis assim. Foi ela quem pediu para vê o resto do vídeo.
-Que com toda a certeza foi o Flecher que sumiu com o vídeo editado.
-Eu não me importo com quem vou ficar, só quero ir embora. –Vanessa disse segurando as lágrimas. –E também quero os outros vídeos que meu pai fez.
-O Zac vai cuidar disso. Venha, você precisa se acalmar antes que os novos agentes cheguem.
-Não, Ian. Ela precisa ir.
-Nosso acordo...
-Esquece isso. Ela não está bem, você não vê? Ela está em estado de choque. Leve-e para o hotel e fique com ela. Não a deixe sozinha.
-Mas...
-O Agente Efron tem razão. Ela ainda é muito frágil. Leve-a. –O Agente Smith ordenou. –O Zachary vai ficar, não se preocupe.
-Eu não posso, senhor. Preciso procurar os vídeos que Gregory fez para ela e colocá-los em um DVD.
-Mas...
-Não se preocupe, eu não vou me aproximar do hotel. Tenho outras coisas para fazer.
-Que horas você vai me buscar? –Vanessa perguntou.
-Me ligue quando você acordar.
-Se eu conseguir dormir.
-Durma, você vai precisar acordar cedo amanhã. Seu treinamento tem que ser agilizado. Você corre perigo estando tão vulnerável assim. Tome algum medicamento, mas durma. –Ele ordenou e ela apenas acenou com a cabeça.
-Abraço. –Ela pediu.
-Não, por que você vai começar a chorar e não vai parar mais. Amanhã nós conversamos. –Ela lhe deu língua e logo saiu. –Como que alguém consegue ser uma peste até em estado de choque?
-É uma Hudgens, meu querido Efron, uma Hudgens. –O Agente Smith disse lhe dando alguns tapinhas nas costas.
----------x----------
GENTEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! Como vão vocês? Estava morrendo de saudades de vocês. Demorei, mas postei e QUE capítulo, hein? Quase chorei, sério. Enfim, peço desculpas pela demora. Estava sem tempo para passar as ideias pro pc. Seja bem vinda nova leitora, e vai por mim, te entendo. Tenho uma amiga que também escreve fic e eu era desse jeito. Ia dormir tarde lendo e relendo os capítulos. Meu endereço de email é algo meio pessoal, mas se você me passar o seu, eu mantenho contato, que tal? Anyway, enjoy girls! Obrigado há quem comentou e há quem esperou com paciência.
Xx
Eu amei amei amei o capítulo
ResponderExcluirOMG. O Flecher está mais perto do que eles imaginavam.
Zanessa como sempre, cômicos.
Super ansiosa para ver como será o treinamento da Vanessa.
Acho que a Vanessa podia fazer o papel de esposa do Zac e não de irmã. Kkkkk...só acho.
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Bjos
garota tu ainda me mata qualquer dia desses..
ResponderExcluiresse capítulo tá mega perfeitooo *-*
sério,quase chorei aqui,tadinha da Vanessa, sorte que o Zac a entende
eles são tão lindos juntos
posta mais e logo flor,kisses
que capitulo enorme hein kk adoreii
ResponderExcluirtadinha da V, e o Zac sempre entendendo ela,são perfeitos juntos,comicos como sempre adoroo kkkkk
e eu concordo com a Paula acho que ela devia fazer papel de esposa do Zac hehe,e agora to preocupada com a V,tomara que fique tudo bem com ela e o Flecher não faça nada com ela,e o Zac proteja ela muito bem haha
é isso posta loguinho flor
xoxo
Oii,ai q bom q vc postou outro cap!!q feliz :D
ResponderExcluirTipo,eu entrava antes quase todo dia p ver se vc tinha postado outro cap..tipo hj eu entrei sem esperanças de ter outro,mas eu fiquei mto surpresa quando vi!!
Amei esse cap,e eu amo capítulos grandes,perfeito,coitada de vanessa:(
E vanessa e zac tem q assumirem logo q se amam kkkk,esses dois são mto engraçados!!
Q flecher morra logo kkkk
Sim,meu email é juliaaraujotavares25@gmail.com
Aah,e de quanto em quanto tempo vc posta?
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