-Eu não devia ter te contado e por isso mesmo você vai ficar calada. Nada de contar para o Alex.
-Eu não vou contar, não se preocupe. Eu sei guardar segredos. Mas... como? Ele não é italiano.
-Para entrar na máfia não é necessário ser italiano de nascença e sim agir como tal e ele faz isso muito bem. Ele foi convidado por um conde que já havia feito negócios com ele e que gostou muito de Gabriela e do fato de ela ser filha única. O conde estava querendo aposentadoria e seu pai tomou o lugar dele, afinal, era isso ou a morte, pois ele já conhecia alguns truques da máfia. Ele logo se mudou para a Itália e esse foi o motivo da separação dos pais de Gabriela. A mãe dela achou muito arriscado para ela e a filha e por isso a Gabriela está aqui, na França.
-Parece história de filme.
-Concordo, mas não é. É bastante real, então tome cuidado. Com o passar do tempo, Enzo, pai da Gabriela, deixou se levar pelos poderes. Ele é muito educado, como eu disse, mas é mesquinho. Tente não enfrentá-lo ou encará-lo. Ele pode entender de maneira errada ou duplamente errada, se você me entende.
-Por que eu o encararia?
-Por que você faz isso e se me permite dizer, precisa mudar. Quando você não gosta ou tem medo de uma pessoa, você encara de um modo que incomoda, Vanessa. Tenha muito cuidado, ou ele vai pensar que você tem algo contra ele ou que você quer algo com ele.
-Não se preocupe. Eu não vou sair do seu lado.
-Ótimo. Então, vamos descer?
-Vamos. –Disse respirando fundo. –Eu vou saber lidar com isso... –Disse para si mesma. –Mas e o Fred? Agora fiquei preocupada.
-Ele não vai fazer nada com o Fred. O Fred é pobre, mas é educado, como eu já disse.
-Mas confia muito rapidamente e logo faz brincadeiras... E se esse tal de Enzo não gostar?
-Ele vai saber ignorar, afinal, é amigo da filha dele.
-E se ele desconfiar de você?
-Eu sou do FBI, um dos piores pesadelos de qualquer integrante da máfia. Ele saberia me respeitar, mas eu não vou deixar transparecer. Claro que eu vou armado...
-Não quero você armado perto de mim ou dos meus amigos.
-Eu fui treinado e sei muito bem como e quando usar meus armamentos. Eu seria estúpido se não usasse arma ou não contasse com a proteção dos outros agentes.
-Mas...
-Não foi você que disse que só de conversar comigo percebeu que sou diferente? Eu vou fazer o máximo possível para não deixar transparecer, mas ele é da máfia a muito tempo e pode me descobrir. Claro que se acontecer, nós não vamos travar uma guerra, mas a situação vai ser bastante perigosa. Preciso estar preparado.
-Tudo bem. –Disse respirando fundo mais uma vez. Voltaram a sala e Gabriela estava ao telefone.
-Eu já vou indo. –Zac disse assim que Gabriela pôs o telefone do gancho.
-Tão cedo?
-É, eu tenho que trabalhar. Que horas vai ser esse almoço?
-Combinei com o Fred de ser 12:00 em ponto, por que meu pai tem hora marcada pra tudo o que faz.
-E onde vai ser? –Vanessa perguntou.
-Na casa do Fred. Ele disse que tem um terraço com uma vista linda do Rio Sena.
-Você ter certeza de que não quer levar seu pai para um restaurante?
-Não, não. Ele quer saber como eu vivo e bem, é assim. Raramente nós vamos á restaurantes.
-Você que sabe. –Vanessa disse dando de ombros. –Vou deixar o Zac. –Disse o puxando até a porta.
-Tchau, até amanhã. –Gabriela disse acenando com a mão. Ele sorriu e Vanessa fechou a porta.
-Você está muito mal educada. –Ele comentou se posicionando na escada.
-Estou nervosa. Se algo acontecer com o Fred, a culpa vai ser sua por ter tido uma ideia tão idiota.
-Não vai acontecer nada de errado com o Fred e nem com o restante dos seus amigos. O FBI vai estar vigiando o local. Você precisa aprender a lidar com essas coisas, Vanessa.
-Tudo bem, tudo bem.
-Se acalma, vai ficar tudo bem, ok? –Disse massageando as bochechas dela com os polegares.
-Ok. –Disse respirando fundo. Num impulso, ela o beijou.
-Vanessa... –Ele tentou argumentar depois do beijo.
-Beijar você me acalma, eu não sei por que.
-Sabia que existe calmante?
-Mas beijar você é mais fácil e rápido. –Ele fez uma careta. –O que foi? Não gosta de me beijar?
-Não é isso, você até que beija bem, mas...
-Mas eu sou uma pirralha e você prefere mulheres.
-Você não é pirralha.
-Mas ajo como uma.
-Para com isso, Vanessa. Pode até agir, mas só as vezes.
-Eu posso agir como uma mulher, sabia?
-Sim, eu sabia. Já te vi vestida como tal antes, mas isso não vem ao caso.
-Zac, você namoraria com uma garota como eu?
-Como você? –Questionou não entendendo a pergunta.
-Sim, como eu: Uma garota que apesar da idade tem espírito e atitudes de criança.
-Não entendo o por que da pergunta.
-Responde: Namoraria ou não?
-Acredito que sim. Se ela for realmente fiel a si mesma e eu gostar dela, não vejo o por que de não ter um relacionamento.
-Hm.
-Eu não mandei você parar de pensar nisso? –Percebeu aonde ela queria chegar. –Nós somos amigos, nada mais do que isso.
-Eu sei que sim, mas...
-Por mim você pode morrer com esse peso na consciência, mas eu não vou namorar com você.
-E pra que esse escândalo? Eu só fiz uma pergunta.
-Nunca mais repita isso, entendido?
-Deixe de drama, Zac, eu hein. E o que você tem pra me contar?
-Te conto no apartamento.
-Mas...
-Mas nada. Eu tenho que montar minha equipe para a sua proteção para amanhã. Até daqui a pouco. –Se virou.
-Ei, e o meu beijo? –O puxou de volta.
-Você está levando isso muito a sério.
-Estou aproveitando. –O beijou. –É diferente.
-Tudo bem, boa noite. –Disse se afastando. Ela suspirou e voltou para a república.
[...]
-Você? –Perguntou assim que Nina apareceu na janela dela.
-Se serve de consolo, eu também não queria estar aqui. –Disse entrando. –Já está pronta?
-Estou, mas cadê o Zac?
-Numa reunião com os outros agentes. Que ideia estúpida foi essa de almoçar com um mafioso, Vanessa?
-Eu não sabia que ele era da máfia, e outra, foi o Zac que sugeriu almoçarmos todos juntos.
-Ele disse que tinha dito pra vocês almoçarem com o Fred.
-Sim, mas houve uma mudança de planos, mas a culpa não foi minha. A ideia de almoçarmos todos juntos, incluindo o Fred, foi do Zac.
-E você aceitou?
-O que eu poderia fazer? O estrago já estava feito e se eu negasse, a Gabriela ia se zangar e aí que faria o almoço mesmo.
-Que idiotice. Por que eu não escolhi um emprego mais fácil? Não mereço aturar essas coisas.
-Calada e vamos logo. Vai me deixar no apartamento do Zac ou vamos para a agência?
-O que você faria na agencia? Vou te levar pro apartamento do agente Walter. Você tem que se acostumar logo com ele.
-O que? Está louca, Nina? Não, de jeito nenhum. Eu nem conheço esse tal de agente Walter.
-Conhece sim. Ele estava naquela reunião que você deu um show e naquela outra que você foi apresentada.
-E dai? Nunca falei com ele e outra, está calor, Nina. Eu escolhi um pijama mini para dormir. E se ele for algum tarado?
-Não seja idiota, Vanessa. É só você se trancar.
-Mas...
-Espera aí. Pra que diabos escolheu um pijama mini se você dorme com o Zac? O que está rolando entre vocês?
-Nada, Nina. –Revirou os olhos.
-Sei. Você não me engana. O que há?
-Nada, eu já disse. Estamos estranhos, na verdade. Ele acha que eu estou levando esse “namoro” muito a sério. –Disse rabugenta.
-E o que você fez pra ele pensar assim? –Perguntou arqueando
a sobrancelha. Conhecia Zac muito bem. Ele podia se estressar facilmente, mas
não explodir. Era bem controlado.
-Eu não fiz nada, ué.
-Eu te conheço, Vanessa, e conheço o Zac. Você é muito
impulsiva e ele é muito reservado. O que aconteceu pra ele dizer isso?
-Eu só disse que o beijar me acalmava, ué.
-E você agarrou-o? –Perguntou boquiaberta.
-O que eu posso fazer? Ele beija bem.
-Você está caidinha por ele.
-De jeito nenhum, está louca?
-Agora eu tenho certeza, você está.
-Nina...
-Oh meu Deus. Nunca te vi apaixonada. –Encolheu os ombros.
-Eu não gosto dele desse jeito.
-Por favor, Vanessa. Você acabou de confessar que ele beija bem.
-E dai?
-Desde quando você elogia alguém?
-Nina, cala a boca. Vamos? Estou cansada.
-Vamos então. –Disse sorridente.
-Pode tirar esse sorriso do rosto, sua boba.
-Tudo bem. –Sorriu ainda mais.
-Nina...
-Que? Deixe de chatice.
-Eu posso dormir na sua casa?
-Não, não pode.
-E por que não?
-Por que não. Ordem do agente Smith.
-Estou começando a odiar esse homem.
-Bem vinda ao clube. Entre na fila para pegar sua senha. –Disse se apoiando no peitoral da janela antes de pular.
[...]
-Bom, está entregue. –Avisou puxando o freio de mão.
-Entra comigo, Nina. Eu nem conheço o cara.
-Ele não está no apartamento. Só volta depois da reunião.
-E por que eu não posso esperar no apartamento do Zac?
-Ordens são ordens, Vanessa.
-Você sabe o que o Zac tem de importante pra me falar?
-Não sou eu que cuido de você, é ele. Não posso passar por cima da autoridade dele e contar pra você. Não posso nem me aproximar de você sem a permissão dele.
-E o que aconteceria se você passa-se por cima da autoridade dele?
-Perderia meu emprego, ficaria com uma péssima reputação com o governo e na lista negra do Zac. Ele está nesse ramo a mais tempo do que eu e posso te afirmar que o que ele tem de legal e bonito, tem de rancoroso e perverso. Você pode achar que pegou o agente mais bonzinho, mas se o teu pai escolheu ele para fazer parceria...
-O que tem meu pai?
-Ele não era nenhum Robin Hood se você quer saber. Ninguém que trabalha pro governo é. Todos tem seu lado obscuro e por isso estão nesse ramo, seja na CIA, no FBI, SWAT... Não importa de qual agencia ou país pertença. Todos tem o seu “lado ruim”. Um conselho: Se alguém te disser que é um agente por amor a pátria, ria e se afaste, por que essa pessoa é mentirosa e perigosa.
-Mas o Zac...
-Não se deixe levar pelo rosto bonito que ele tem. O Zac tem um passado muito obscuro.
-Só por que ele frequentou um colégio inglês e um colégio militar?
-Isso é o que ele te diz. Muito cuidado, Vanessa. O Zac não é o que aparenta ser.
-Como assim?
-Eu falei demais. Eu tenho que voltar a tempo para a reunião. –Disse olhando no relógio de pulso.
-Agora eu quero saber.
-Eu falei demais, já disse. Esquece isso e nada de comentar com o Zac, ouviu?
-Então me conte o que ele esconde.
-Ah, se eu soubesse... –Disse rindo. –Ele é um buraco negro, Vanessa. Ele absorve coisas, não o contrário.
-Então ele tem um segredo?
-Um? Um milhão, isso sim. O que se sabe dele é: Nome, idade, país de origem e o pai e a mãe. Se ele tem outros parentes ou inimigos, é mistério.
-Ele me disse que tinha uma prima. –Vanessa disse pensando se não estaria falando demais. Nina parecia ter alguma mágoa com o Zac.
-Prima? –Perguntou interessada.
-Bom, ele não falou que era prima. Disse que era uma mulher e eu deduzi que fosse isso pra ele não manter contato.
-Hm, bom saber.
-Não vai comentar isso com ninguém.
-Pode deixar. –Disse com um sorriso.
-Eu já vou indo. Se algo me acontecer, a culpa será sua.
-Não seja besta. Ele é um agente e não um estuprador.
-Nunca se sabe. –Disse saindo o carro. Nina revirou os olhos e logo acelerou. Ela respirou fundo e pôs a chave na fechadura. Destrancou a porta e entrou. O lugar estava deserto. Respirou fundo e trancou a porta novamente. Andou pelo corredor até encontrar um quarto. Parecia bem confortável. Trocou de roupa e tratou de se deitar logo. Não queria encontrar o tal agente Walter.
[...]
Ela acordou suada. Tinha tido um pesadelo. Levou um susto quando alguém bateu na porta no quarto com força e aparentemente irritado.
-Que-quem é? –Perguntou gaguejando.
-Quem é pergunto eu. –Uma voz grossa respondeu. Com certeza o dono da voz estava irritado. –Destranque essa porta agora. –Ela respirou fundo e levantou da cama. Destrancou a porta que logo foi empurrada contra a parede.
-Quem é você? –Ela perguntou assustada.
-Quem é você e por que está no meu quarto?
-Eu sou a Vanessa. –Disse engolindo em seco. –Quem é você?
-Ah, Vanessa. –A olhou de cima a baixo. –Sou o agente Walter. Quem te deu autorização para entrar no meu quarto? –Perguntou tirando uma mochila das costas para jogá-la no canto do quarto.
-Seu quarto? Não é quarto de hóspedes?
-Não, não é.
-Eu achei que era por que não tinha nada aqui e...
-E você acha que eu vou deixar meus pertences espalhados?
-Não foi isso que eu quis dizer, mas...
-Escuta, garota. Eu estou muito cansado para conversar com você. Pode fazer o favor de sair?
-E onde eu vou dormir?
-Tem um sofá lá na sala.
-Você quer que eu...
-É, agora sai. –Disse apontando para a porta. Vanessa pegou sua mochila e saiu pisando fundo e ele bateu a porta.
-Mal educado. –Resmungou indo para a sala. O sofá era minúsculo. –Como alguém pode chamar isso de sofá? –Sentou-se e percebeu o quanto era desconfortável. Procurou o celular dentro da bolsa e quando ia ligar para Zac viu o horário. –Três e quarenta e cinco? –Bufou. Pôs pra chamar enquanto tentava achar uma posição confortável.
-Alô? –Ele atendeu com a voz cansada.
-Zac, onde você está?
-Vanessa? O que você faz acordada?
-Estou tentando achar uma posição confortável nesse sofá que mais parece uma pedra.
-Você está no sofá?
-É, no sofá. Ele me expulsou do quarto.
-Você é louca? Quem mandou ir para o quarto dele?
-Eu não sabia que era dele.
-E de quem mais seria?
-Mesmo assim, eu pensei que ele seria cavalheiro e me cederia a cama.
-A minha espécie está em extinção, baby. Você tem sorte dele ter cedido o sofá.
-Por que eu não estou com você, afinal?
-Ordens.
-Mas...
-Com quem você está falando? –A voz grave do agente Walter surgiu atrás dela, fazendo-a se tremer.
-Com o Zac, por que?
-Quem está cuidando de você sou eu e não ele. Desligue e vá dormir.
-Você não manda em mim.
-Você está debaixo do meu teto, é melhor me obedecer.
-Você está me ameaçando?
-Estou te avisando. Desligue e volte a dormir e não me faça voltar aqui novamente. –Disse antes de voltar ao quarto.
-Que filho da...
-Vanessa! –Zac exclamou.
-Você ouviu como ele me tratou?
-Eu não posso fazer nada. Ordens...
-São ordens, eu sei. –Revirou os olhos. –Você vem me buscar?
-Vanessa...
-Pelo menos isso, Zac. Por favor.
-Eu vou ver o que posso fazer.
-Tudo bem. Boa noite.
-Boa noite. –A chamada foi encerrada.
-----x-----
Está aí mais um capítulo. Quem odiou o agente Smith e o agente Walter levanta a mão o/ Que grosseiro, hein? Mas tudo tem o seu lado bom, por exemplo: A Vanessa já está dando mais valor ao Zac, mesmo que seja por interesse. Hm, o que será que a Nina tem contra o Zac? Quais serão os segredos dele? Como será que vai ser esse almoço? E a convivência da Vanessa com o agente Walter? Será que ela vai obedecer as regras do agente Smith tão facilmente? Hmm, não sei não sei. Deem seus palpites.
Xx