-É, eu. –Disse Nina sorrindo sem graça.
-Mas como? Não me diga que...
-Sim, eu sou uma agente. –Sorriu.
-O que você foi fazer na república, então? Vigiar-me?
-Não fui vigiar-te, até porque tem agente de sobra fazendo
isso, eu fui para instalar as câmeras.
-Como é? Câmeras? –Perguntou olhando Zac de canto de olho.
Ele não havia mencionado isso.
-Dentro dos cômodos, em alguns dormitórios... Aqueles
quadros e flores que eu coloquei são onde estão as câmeras escondidas. Eu sabia
que vocês não iriam tirar em ‘memória’ de mim.
-Então, seu sequestro seguido de morte foi invenção?
-Uma mentirinha a mais na minha lista.
-E nós sofremos por nada? Que grande amiga você, hein.
-Vocês que se apegaram rápido demais. Eu fiquei o mínimo de
tempo possível. Não queria prejudicá-los.
-E o que você faz aqui ainda? Não tem medo de encontrar algum
conhecido?
-Não, e se acontecer, eu tenho uma irmã gêmea, lembra?
-Que deve ser invenção também.
-Mas muito útil.
-Então, eu sou o Ian. –Falou se metendo na conversa antes
que o clima piorasse.
-Eu me lembro de você. –Disse Vanessa apontando. –É o loiro louco
que falou besteiras no café.
-Exatamente. Tingi meu cabelo de loiro somente para você. –Sorriu sedutor.
-Cheguei a confundir sua voz com a de Zac quando
ele me puxou para aquele beco, mas agora percebo a diferença entre a voz de vocês.
A de Zac é rouca e sensual, já a sua é grave e sensual.
-Minha voz é sensual? –Perguntou Zac.
-Um pouco. –Admitiu aparentando indiferença, mas por dentro
ela queimava. Havia falado sem pensar.
-A minha é mais, eu sei. –Disse Ian sorrindo e ela logo
percebeu que havia uma ‘rixa’ de amigo entre eles dois.
-Achei que tínhamos vindo para decidir o futuro de Vanessa e
não comparar vozes. –Debochou Zac.
-Concordo, para que comparar o que já é comprovado? –Disse Ian
puxando uma cadeira e se sentando.
-Chega, não é rapazes!? Ainda está cedo. –Disse Nina
revirando os olhos e sentando ao lado de Ian.
-Enfim. –Disse Zac puxando a cadeira pra Vanessa sentar e em
seguida sentou ao lado dela. –Eu estava pensando em ser na próxima semana, o que
vocês acham?
-Muito cedo. –Disse Nina. –Os meninos tem que te conhecer
primeiro, e te odiar.
-Esse é o plano de vocês? –Disse Vanessa olhando para Zac
que apenas assentiu. –Que idiotice. Depois eu sou a criança.
-Tem uma ideia melhor? –Perguntou Zac a fitando.
-Qualquer coisa é melhor que esse clichê de vocês.
-Se eles me amarem, vão querer saber do nosso ‘relacionamento’
todo o tempo, vão ficar querendo manter contato e isso não pode acontecer. Uma
relação de amor e ódio é o melhor. Assim eles vão evitar contato para não discutirem
contigo. O problema são as meninas. Muito dóceis e amáveis. Vai ser complicado
ter o desprezo delas.
-Mas e depois? Se eles quiserem ir pra L.A? Eu vou
acolhê-los, estou avisando.
-Nós os acolheremos no nosso AP.
-Oi? –Perguntou. Apenas dormir era uma coisa, mas dividir um
AP com ele estava fora de cogitação. Por mais que ele fosse confiável e ex-amigo
do pai dela, eles mal se conheciam. Como se estivesse lendo os pensamentos
dela, ele respondeu:
-Nosso AP será de mentira. Vamos morar em uma casa grande, confortável e segura, e assim você poderá me evitar ao máximo. O AP será apenas para
dizer que somos um casal.
-E como acabará essa relação?
-Com uma morte trágica, digna de filme. –Disse Nina.
-Não, não vou mentir para meus amigos. Não sou você.
-É para o seu próprio bem, Vanessa. E não será agora. Será
depois de meses, quando vocês estiverem afastados.
-Eu...
-Depois decidimos isso. –Zac interrompeu-as. Sabia que Vanessa estava magoada com Nina e por isso sempre descordaria das ideias dela. –Dentro de dois
meses está bom?
-Acho que sim. A relação estará mais instável e já é uma boa
data para morarem juntos. –Disse Ian anotando algo em uma prancheta. –Certo,
temos a data. Como será?
-Pensei em algum emprego ou algo do tipo. –Disse Zac. –Algo irrecusável,
assim os amigos dela não ficariam com tanta raiva ou mágoa.
-Vanessa tem meia faculdade de administração. –Disse Nina. –Poderia
ser alguma empresa que esteja contratando e que está disposta a concluir o
curso dos empregados. Uma empresa que seja reconhecida em todo o
mundo, mas que só tenha vagas no EUA. Perfeito. –Disse ela.
-Temos a base do plano. –Disse Ian. –Em dois dias eu consigo
a empresa. Alguma preferência, Vanessa?
-Não. Eu não vou trabalhar mesmo, não é?
-Não é assim. Você vai trabalhar e muito. Zac, você não...
-Não, ainda não chegamos lá.
-Do que vocês estão falando? O que você ainda não me disse,
Zac? –Disse Vanessa se virando para ele.
-Ainda não chegamos lá, Vanessa. Depois conversamos.
-Mas...
-Mas nada. Então, é só isso. –Disse se levantando. –Depois
entro em contato.
-Certo. –Disse Nina. –Vanessa, eu poderia falar com você?
-Claro. –Disse olhando para Zac.
-Eu vou buscar seu atestado. Ian vem comigo.
-Claro, dono da segunda voz mais sensual. –Sorriu e saiu, acompanhado de Zac que lançou um olhar de compaixão para Vanessa antes de sair.
-O que você quer? –Perguntou Vanessa cruzando os braços.
-Eu não fiz por mal, Vanessa. Sério. Eu realmente gostei de vocês
e até ficaria se eu pudesse, mas eu não podia. Tive que sair. Se vocês não tivessem
se apegado a mim eu manteria contato.
-Então a culpa é nossa? –Perguntou ofendida. –Se alguém é a
culpada por sua mentira, é você mesma.
-Eu não disse que a culpa é de vocês. A culpa é do governo. Você
acha que eu gostei de fazer o que fiz? Não, não gostei. Senti-me muito mal
quando fui ao enterro como minha irmã gêmea e vi o sofrimento de vocês. Eu não queria
que isso acontecesse.
-Então porque você foi para a república?
-Eu já disse, para instalar as câmeras. Como eu ganhei a
confiança muito rapidamente, eles me deixaram por mais duas semanas, para
colher informações. Meu erro foi aceitar.
-Seu erro foi mentir.
-Você não pode dizer nada. Você sabe disso, não é?
-Eu sei que vai pesar na minha consciência toda essa
mentira.
-É o melhor, Vanessa. Se você abrir a boca o governo cai em
cima de você. Você não pode fazer isso. Não envergonhe seu pai. Ele teve uma carreira brilhante e sei que você não quer destruir o respeito que ele conquistou.
-Você conheceu meu pai?
-Sim. Foi ele que me mandou para a república. Ele disse que
eu seria uma ótima companhia pra você. –Sorriu. –Disse que éramos parecidas. Eu
tinha acabado o meu treinamento na Suécia e o melhor era me readaptar novamente
ao convívio com pessoas normais.
-Então, seu sotaque é falso?
-Não completamente. Sou da Bulgária. Meu nome não é Nina e
sim, Nikolina.
-Uiii... –Riu.
-Eu sei, é búlgaro, ok? –Sorriu.
-Prefiro Nina.
-Somos duas. –Sorriram. –Desculpe, eu não queria mentir para
vocês.
-Tudo bem. Eu não posso te julgar.
-Abraço?
-Abraço. –Sorriu e se abraçaram. –Menina, só tem gato aqui,
é? –Riu.
-Um dos melhores empregos de todos. –Sorriu.
-Quem você pegaria? –Sorriu se sentando onde Ian sentara
antes.
-Ninguém.
-Aham, sei.
-Dona Hudgens, fique caladinha porque você mal conheceu o
Zachary e já dormiu com ele. –Riu.
-Eu não tive escolha, então, cale-se.
-Ele é um gato, confesse.
-Ele e o Ian, brigam muito? –Perguntou mudando de assunto.
-O básico, mas é divertido demais.
-Eu imagino. –Sorriu.
-Me diga logo, não mude de assunto. O Zachary não é gato?
-Não sei, me diga você.
-Isso foi um sim, eu te conheço. –Sorriu.
-Tá, ele é. –Sorriu. Nina fez uma careta e começou a rir. –Que?
-Ér... –Apontou a porta segurando-se para não rir novamente.
-Então... –Disse Zac com um sorriso tímido. –Vamos?
-----x-----
Apenas ri com a Nina. Vanessa não vai ser a única mulher na história. Espero que gostem girls e comentem (: